Estudo realizado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV Ibre), divulgado na quarta-feira (25), mostra que o percentual da população pobre aumentou em 24 dos 27 estados brasileiros. O período analisando compreende o primeiro trimestre de 2019 a janeiro de 2021. As consequências causadas pela pandemia do novo coronavírus, no âmbito econômico, é apontado como o principal responsável por esse resultado.

De acordo com o estudo, o ritmo mais intenso do crescimento da pobreza se deu no Nordeste onde foi possível observar níveis acima dos 40% durante esse período em estados como: Piauí (46,6%), Pernambuco (45,3%) e Paraíba (45,2%), resultado do impacto da pandemia e a falta de políticas públicas culminaram que boa parte da população destas regiões ficassem ainda mais pobres.

A situação de estados como Amapá e Maranhão, ambos da região Norte, também é preocupante. As análises mostram que nessas regiões o percentual de pobreza passa da metade da população. O índice chegou em 55,9% e 54,9%, respectivamente.

Os grandes centros urbanos também não ficaram para trás, São Paulo e Rio de Janeiro, os principais do Brasil, tiveram aumento na parcela pobre de sua população. Em 2019, o estado de São Paulo tinha uma parcela 13,8% de população pobre, subiu para 19,7% em 2021. Já o Rio de Janeiro passou de 16,9% em 2019 para 23,8% em 2021.

Os três estados onde não houve expansão da pobreza

As únicas três unidades federativas onde o nível de pobreza não apresentou expansão foram: Acre, Pará e Tocantins.

Mesmo assim ambos apresentam participação acima de 30% no total de pobres da população geral.

O Acre apresentou recuo de 0,4 %, caindo de 46,8% em 2019 para 46,4% em 2021. Apesar desse resultado, o estado ocupa a sexta posição no ranking geral. Já o Pará (45,9%) e o Tocantins (35,7%) apresentaram estabilidade, ou seja, permaneceram com o mesmo índice de 2019.

A extrema pobreza também aumentou

O estudo mostra ainda que a parcela de 6,1% de brasileiros que vivia na extrema pobreza em 2019, passou para 9,6% dois anos depois. Aumento de 3,8 pontos percentuais. A extrema pobreza leva em conta a parcela de brasileiros que vive com renda de até US$ 1,90 por dia (cerca de R$ 160).

A tendência, segundo a pesquisa, é que esses níveis de pobreza e extrema pobreza pode permanecer em níveis elevados.

Isso porque fatores como o auxílio emergencial pago a população de baixa renda deve acabar e o mercado de trabalho ainda deve demorar a se reerguer. Enquanto isso, a alta da inflação vai continuar atacando o poder de compra e rendimentos do brasileiro.

Para chegar a esses cálculos, o estudo levou em conta os dados de renda da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua e da Pnad Covid-19, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Também foi considerada a renda per capta de R$ 450 por mês, classificação de pobreza do Banco Mundial.