Ainda que com algumas ressalvas, até mesmo muitos que fazem oposição ao Governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) deram um voto de confiança ao então recém-chegado ao Ministério da Saúde, Marcelo Queiroga. Por se tratar de um médico cardiologista respeitado, tendo sido presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia, Queiroga parecia um bom nome para substituir seu antecessor, o general Eduardo Pazuello, que assumiu a pasta da Saúde em um momento de pandemia sem ter nenhuma experiência na área médica ou científica.

Queiroga tem bom trânsito entre a classe política, e por isso mesmo sua nomeação foi vista com bons olhos.

O médico precisaria mesmo exercer suas habilidades de conciliação para ter que se manter no cargo defendendo a ciência e ao mesmo tempo não desagradar Bolsonaro, que se recusa a obedecer às recomendações das autoridades sanitárias.

Saia justa

Queiroga então teve que lidar com as dificuldades de fazer parte de um governo em que o chefe do Executivo é o maior inimigo das medidas de proteção das pessoas contra o coronavírus. A situação do ministro ficou cada vez mais complicada e teve que, novamente, tentar defender a ciência. Um exemplo desse tipo de situação, foi na CPI da Covid no Senado, quando ele foi questionado por que o presidente Bolsonaro não utilizava máscara de proteção contra o Sars-Cov-2.

Com razão, alguns senadores comentaram que Queiroga estava em uma situação difícil, pois não é simples convencer as pessoas a seguirem as recomendações do Ministério da Saúde se o próprio presidente da República não o faz.

Metamorfose

Na quinta-feira (26), o comandante da pasta da Saúde fez elogios ao imunizante AstraZeneca, produzido em conjunto com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

Queiroga também comemorou a parceria da Pfizer com a Eurofarma, fabricante de medicamentos genéricos, que juntas, as empresas vão produzir a vacina da Pfizer no Brasil.

O ministro elogiou a medida. Ele estava ao lado de Bolsonaro e ambos não estavam utilizando máscaras. Mais cedo no mesmo dia, Queiroga já havia comemorado a notícia e comemorou o suposto aspecto “liberal” do atual governo e ainda afirmou que era preciso deixar a iniciativa privada “trabalhar”, disse o político Marcelo Queiroga. Na quarta-feira (25), o ministro já havia declarado que é contra a obrigatoriedade do uso de máscaras.