A Receita Federal cobrará da população brasileira em 2022 R$ 149 bilhões acima do que seria devido caso a tabela do IRPF (Imposto de Renda da Pessoa Física) tivesse sido reajustada integralmente pela inflação desde 1996, segundo Governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), quando a correção anual deixou de ser feita.
Defasagem do Imposto de Renda passa dos 130%
Os cálculos feitos pela Unafisco (Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal), autora do levantamento, mostram que há uma defasagem que ultrapassa os 130%. Segundo os auditores, a defasagem da tabela irá atingir 15,1 milhões de pessoas de menor renda em 2022.
O último ano em que houve reajuste foi em 2015, durante o governo Dilma Rousseff (PT).
O atual presidente Jair Bolsonaro (PL) prometeu durante a campanha eleitoral que subiria a faixa de isenção para quem ganha até R$ 5.000. Contudo, tempos depois afirmou na imprensa que não seria possível aplicá-la.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse em entrevista ao programa Canal Livre, da Band, que havia prometido uma recuperação do Brasil em "V", mas que nunca havia garantido um crescimento contínuo. Sobre a inflação e a alta dos juros, Guedes disse que o Banco Central acordou primeiro que os demais bancos no restante mundo. A Folha procurou o Ministério da Economia, mas não obteve nenhuma resposta.
9 milhões pagará Imposto de Renda que será cobrado indevidamente, diz Unafisco
De acordo com Mauro Silva, presidente da Unafisco, trabalhadores que têm uma renda mais baixa acabarão pagando um imposto que não deveriam estar pagando. Atualmente, a tabela do IR da pessoa física isenta quem ganha até R$ 1.903,98 por mês, faixa que abrange, segundo os auditores, 9,1 milhões de pessoas.
No entanto, se aplicada a correção, a faixa salarial isenta subirá para R$ 4.469,02, ou seja, um crescimento de 134%. A medida iria isentar cerca de 24,2 milhões de contribuintes, gerando "justiça tributária", segundo Tathiane Piscitelli, professora de finanças publicas e tributação da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Ainda de acordo com Piscitelli, durante o período em que não houve correção da tabela do IR da pessoa física, houve uma defasagem da moeda com o aumento da inflação.
Para a professora é necessário aprofundar as mudanças na tabela do Imposto de Renda, de modo que os pobres paguem ainda menos impostos e os ricos paguem mais, segundo a lógico do princípio da progressividade.