Já foi o tempo em que a ciência da economia estava restrita à criação dos empregos formais e de os trabalhadores ficarem sentados atrás da mesa com aquela fisionomia sisuda.

As coisas são dinâmicas e, nos últimos anos, novos conceitos foram introduzidos nas ciências econômicas, tais como a economia circular e a economia criativa.

É neste último ramo que se prevê a geração de um milhão de empregos até o final desta década. Pelo menos são as projeções realizadas pela CNI (Confederação Nacional da Indústria) em um estudo que busca entender a participação de 7,4 milhões de trabalhadores brasileiros inseridos neste nicho.

Mais esclarecimentos

Márcio Guerra é gerente executivo da ONI (Observatório Nacional da Indústria), braço estatístico e de análise de dados da CNI. Ele opina que “isso está associado a uma necessidade de sobrevivência e inovação na sociedade como um todo” e estende seu olhar para o meio digital, afirmando que “essa cultura digital deve impulsionar essa demanda de forma significativa, nos próximos anos.”

Entretanto, onde está essa tal de economia criativa? Ela abrange profissões de diversos setores nas áreas de serviços, indústria, Tecnologia da informação e até no empreendedorismo.

O setor tecnológico deve abocanhar a maior fatia da economia criativa, sem deixar de caminhar ao lado de setores consolidados como a produção tradicional de cultura.

Vagas

As vagas de emprego poderão surgir tanto no mercado formal, onde se faz o registro da carteira profissional, como na informalidade. A tendência é de que em ambos haja valorização dos salários no futuro.

Enquanto a média salarial de alguns setores está no patamar de R$ 2.690,00, os que atuam na economia criativa ganham o correspondente médio de R$ 4.018,00.

Esses profissionais chegam a ganhar 50% a mais do que outros atuantes em demais áreas.

Isso pode ser verificado em profissões ligadas à cultura e à criatividade propriamente dita aplicada à tecnologia. Bons exemplos seriam o desenvolvimento de aplicativos, programas e jogos.

Mas não é só na produção cultural ou na tecnologia que se pode buscar um lugar ao sol.

Os setores de moda, gastronomia, publicidade, música, arquitetura, cinema, rádio e televisão, design, serviços empresariais e artesanato podem reservar boas oportunidades. É justamente aí que se concentra o surgimento das micro e pequenas empresas.

De acordo com os dados colhidos pelo ONI, a Inteligência Artificial, se bem utilizada, pode se converter numa aliada para otimizar processos criativos. Com relação aos lugares onde a economia criativa tem se desenvolvido bem no Brasil, o estudo aponta que Florianópolis, Curitiba, São Paulo, Vitória e Rio de Janeiro são os mais promissores.

Raio X

A estimativa é de que existam 111,2 mil estabelecimentos que se baseiam na economia criativa. O porte das empresas é amplamente constituído pelas micro e pequenas empresas.

Por sua vez, as médias e as granes empresas são pouco menos de 6 mil pontos.

Em termos de região geográfica, é notório perceber que a ampla maioria dos estabelecimentos se concentra nas regiões Sudeste e Sul. Contudo, há boa percepção dos números no Nordeste. Já as regiões Norte e Centro-Oeste estão nas últimas posições no que se refere à quantidade de empresas fundadas. Nem por isso deixam de participar desse ramo da Economia.

Com o crescimento projetado até o final da década, certamente a economia criativa aumentará sua participação no Produto Interno Bruto. Atualmente, ela representa 3,11% do PIB.

Por fim, Márcio Guerra alerta que “quem quiser crescer e acessar os mercados globais, é preciso investir em qualificação de habilidades relacionadas à pesquisa de mercado, marketing e branding, design de sites, logística, pagamentos, marketing digital e atendimento ao cliente.”