Quem trabalha com crianças sabe bem que a linguagem corporal é pujante na infância, como primeira forma de relação com “o outro”. As crianças, desde bem pequenas, desejam se movimentar a todo o momento, já que é essa conexão por meio dos sentidos que permite a construção de conhecimentos sobre elas mesmas e sobre o mundo ao seu redor.

Não é à toa que, dentre as diversas experiências propostas pelo Artigo 9º da Resolução No.

05, de 17 de dezembro de 2009, que fixa as diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil estão as “experiências que promovem o conhecimento de si e de mundo por meio da ampliação de experiências sensoriais, expressivas, corporais que possibilitem movimentação ampla, expressão da individualidade e respeito pelos ritmos e desejos da criança.”

Para Henri Wallon, teórico de relevância no campo educacional é a ação motora que dará as bases para o surgimento e aprimoramento das formações mentais, na medida em que os movimentos espontâneos vão se transformando em gestos intencionais.

A linguagem corporal oportunizará à criança a possibilidade de expressar suas emoções, de reconhecer e valorizar sua própria imagem, de aprender sobre seus limites e potencialidades, bem como de explorar e orientar-se no espaço.

Diante do exposto, há inúmeras possibilidades de conduzir um profícuo trabalho na educação infantil desde que a equipe pedagógica acolha e compreenda o lugar importante deste aspecto para o desenvolvimento integral dos pequenos.

Exemplificaremos aqui algumas sugestões de atividades que podem e devem ser realizadas, modificadas, adaptadas, de acordo com o perfil de cada turma e com a realidade das instituições de ensino:

  • Familiarização com a própria imagem corporal e identificação de partes do corpo;
  • Manipulação de objetos com características diferentes e de várias maneiras: chutando, soltando, pegando, empilhando, encaixando, arremessando, etc.
  • Exploração do espaço físico com diferentes movimentos;
  • Orientação espacial em relação a um ponto referencial ou objeto;
  • Percepção sensorial;
  • Comunicação gestual por meio de mímicas, jogos de imitação e expressões faciais;
  • Movimentos ritmados;
  • Jogos e circuitos motores;
  • Brincadeiras de faz-de-conta.

Assim, não há razão para restringir as atividades em: “pinte dentro ou fora do círculo”, quando as crianças podem brincar de roda ou de tantas outras brincadeiras com movimento que materializam de forma mais significativa os conceitos espaciais.

Todas estas sugestões ao serem contempladas no planejamento educacional de professores garantem experiências de aprendizagem que, se alimentam na compreensão de que corpo e mente não são concorrentes entre si, mas antes elementos que se conectam na constituição do indivíduo em seu processo de desenvolvimento.