O Ministério da Educação anunciou no último dia 3 a implantação das provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) no formato digital. Em 2015 já havia a intenção de utilizar esse novo modelo de provas. Pretende-se implantar a nova versão do Enem já em 2020. Um projeto-piloto será lançado e atenderá cerca de 50 mil estudantes em 15 capitais. Até 2026 o sistema deverá estar em 100% do país.
De acordo com o professor Francisco Soares, membro do Conselho Nacional de Educação (CNE), o exame precisa de mudanças e é necessário trazer a tecnologia. O valor da inscrição será o mesmo tanto para provas no formato tradicional como no digital.
A realização da prova digital em 2020 será nos dias 11 e 18 de outubro. Nos dias 1º e 8 de novembro serão realizadas as provas em papel.
Desafios para a implantação do Enem digital
A mudança traz modernidade, mas as opiniões quanto ao funcionamento do novo modelo são divergentes. Uma das preocupações dos profissionais que atuam nos estabelecimentos de ensino é com relação às habilidades dos estudantes na utilização de computadores. Apesar das gerações atuais estarem habituadas aos avanços tecnológicos, sabe-se que os estudantes estão mais ligados ao mundo dos tablets e smartphones. O uso de editores de textos e outros softwares disponíveis nos computadores não chama a atenção dos mais novos.
Outra questão que causa receio é a falta de estrutura nos locais que serão usados para aplicação das provas.
A realidade dos estabelecimentos de ensino no que se refere à existência de equipamentos tecnológicas, na maioria das vezes é precária. Em muitos deles nem é possível ofertar aos estudantes uma formação de qualidade. As escolas precisariam contar com um profissional específico para atender tanto alunos quanto professores. Os órgãos responsáveis não disponibilizam nenhum profissional para suprir essa demanda.
O que muda com o formato digital?
O Ministério da Educação aponta a rapidez na correção das provas como uma das vantagens da realização do exame através do computador. No formato digital as provas poderão ter diferenciais como vídeos, infográficos e games. Os alunos de escolas particulares, por terem mais recursos, poderão levar vantagem em relação aos da rede pública.
Tanto as escolas privadas quanto as famílias certamente irão investir na formação dos candidatos para realização da prova digital.
Com relação à segurança não é possível afirmar que o novo modelo não estará livre de fraudes. Por se tratar de um exame cujas notas são utilizadas para disputa de vagas para cursos superiores, estará sempre propenso a vazamento de informações. Diante de tudo isso resta a dúvida se o novo modelo será eficaz ou não.