Mesmo que a distância seja grande, a Terra do Sol Nascente sempre reserva boas coisas para o Brasil: gastronomia, cultura e imigração são alguns dos elementos que unem os dois povos há pouco mais de cem anos.
Porém, não dá para deixar de acrescentar que o Japão dá uma certa sorte para os brasileiros. Apesar do atraso de um ano e com a desconfiança geral quanto à realização dos Jogos Olímpicos devido à pandemia do coronavírus, o resultado é bem satisfatório para o esporte nacional.
A equipe de atletas brasileiros superou sua marca registrada na Olimpíada do Rio de Janeiro, em 2016, e faturou 21 medalhas.
Duas a mais do que na edição anterior e, por esse merecido “excesso”, o Brasil terminou na décima segunda posição no quadro geral de medalhas. Subiu um degrau em relação à Rio-2016.
Foram 7 medalhas de ouro, 6 de prata e 8 de bronze; o mais interessante de tudo é que os atletas subiram ao pódio em 13 modalidades esportivas. Outra façanha inédita e positiva.
Bom para além da conta
“Entregamos o que tínhamos como meta, que era superar a Rio 2016. Estar em 12º lugar no mundo, numa competição com 206 países, é um índice importante. Tenho convicção que o trabalho foi feito com muito gosto, vontade e determinação. Entregamos o que tínhamos como meta, e estamos satisfeitos com o resultado”, afirmou Paulo Wanderley, presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB).
Tóquio representa um marco diferenciado e cheio de simbolismo, pois outro destaque digno de ser mostrado refere-se ao desempenho das mulheres nos esportes olímpicos. Do total de medalhas conquistadas, 42,3% foram alcançadas pelas atletas femininas, batendo o percentual máximo registrado em Pequim 2008, com 41,2%.
Inegavelmente, o Brasil obteve ótimos resultados em esportes estreantes e menos tradicionais; é o caso do surfe e do skate.
Chama muito a atenção o Brasil conseguir uma medalha com uma menina de 13 anos, Rayssa Leal, a esportista mais jovem do país a subir no pódio dos Jogos.
Sucesso também nos tradicionais
Embora o Brasil tenha obtido excelentes resultados em esportes debutantes, os resultados em modalidades mais tradicionais indicam uma consolidação de tendência ou uma inovação.
No primeiro caso, merece o comentário louvável do boxe, arrematando o total de três medalhas – uma de cada cor. O judô também teve desempenho semelhante.
Já com o segundo caso, o Brasil traz, pela primeira vez, uma medalha no Tênis feminino: Laura Pigossi e Luísa Stefani trouxeram o primeiro bronze. O fato é ainda mais marcante porque, a pouco menos de uma semana do início das Olimpíadas do Japão, as duas foram inscritas na lista de espera da chave feminina, conseguindo, posteriormente uma vaga para a disputa.
A presença das mulheres foi tão marcante que, pela primeira vez, uma esportista fatura duas medalhas numa mesma Olimpíada. Depois de superar vários problemas decorrentes de fraturas e cirurgias, a ginasta Rebeca Andrade passou a mão em uma medalha de ouro e outra de prata.
O bicampeonato no Futebol masculino, esporte mais apreciado do brasileiro, foi motivo de muita festa.
Recursos e investimentos
O COB divulgou que, em 2020, recebeu mais de R$ 290 milhões originados da Lei das Loterias. Essa medida prevê o repasse de 2% de tudo o que se arrecada com as loterias para o incentivo ao esporte e ao investimento olímpico.
Justamente o esporte mais beneficiado com o volume de recursos trouxe resultados um pouco abaixo do esperado. O vôlei conseguiu uma medalha de prata com as mulheres; o masculino não subiu ao pódio e, pela primeira vez, desde que se tornou um esporte olímpico (1996), o vôlei de praia não garantiu nenhuma medalha para o Brasil. Ao todo se investiu R$ 8,2 milhões nessa modalidade.
Na contramão e, conforme escrito um pouco antes, o boxe tem levantado expectativas desde Londres 2012. O investimento total foi de R$ 5,5 milhões e a campanha bem-sucedida no Japão é considerada um esteio para as Olimpíadas de Paris em 2024.
Com um intervalo aproximado de três anos, os planos do COB já miram a França e, como preparação até lá, a equipe de esportistas brasileiros terá a oportunidade de aperfeiçoar suas habilidades em eventos como os Jogos Pan-Americanos Júniores de Cali 2021, os Jogos Sul-Americanos de Assunção no ano que vem e os Jogos Pan-Americanos de Santiago do Chile em 2023.