Os jogos olímpicos de Tóquio deixaram um gosto meio amargo na garganta de Darlan Romani, atleta brasileiro praticante de arremesso de peso.

Quase ele conseguiu um bronze, mas esse quase foi o motivo pelo qual o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) não lhe dar um prêmio. No entanto, Darlan conquistou o público e os colegas pela sua simplicidade manifestada nas entrevistas e pelo seu carisma.

Consciente de que é preciso seguir adiante, Darlan Romani participou hoje, 19/03, do Mundial Indoor disputado na cidade de Belgrado, Sérvia. E fez muito bonito.

Ele conquistou a medalha de ouro no arremesso de peso, melhor desempenho até agora de sua carreira esportiva.

Tentativas e acerto

O Mundial Indoor de Atletismo é realizado a cada dois anos pelo mundo, desde 1985, e inclui a modalidade do arremesso de peso. A competição é estruturada em algumas tentativas de arremesso e medir qual deles é o mais distante do ponto de origem, ou seja, do arremessador.

O arremesso de peso prevê seis chances para cada competidor, podendo alguma(s) dela(s) ser(em) anulada(s) a critério da arbitragem, dependendo de análises baseadas nas regras.

A conquista para o atleta de 30 anos tem muitos significados: além de seu peito reluzir com o metal mais cobiçado pelo homem, Darlan quebrou o recorde sul-americano nessa categoria e superou o bicampeão olímpico de arremesso de peso, o norte-americano Ryan Crouser.

Ele fez algumas tentativas até cravar 22,53 m; Crouser chegou aos 22,44 m e faturou a prata. O terceiro lugar foi para o neozelandês Tomas Walsh, com 22,31 m.

Ademais, Darlan Romani estabeleceu novo recorde para os mundiais indoor e quebrou a invencibilidade de Ryan Crouser, que não perdia uma competição há três anos.

Melhoria pessoal

O atleta de Santa Catarina vem melhorando seus índices gradualmente: quando competiu na Bolívia, em fevereiro de 2021, conseguiu a marca de 21,71 m. A façanha de Belgrado é uma pista consistente para se chegar ao recorde mundial, pertencente a Crouser. Entre a diferença da marca mundial e a registrada na Sérvia, Darlan Romani fica a 29 cm de ultrapassar o recorde do americano.

Bem, não é a primeira vez que o catarinense de Concórdia sobe ao pódio. Ele conquistou o ouro nos Jogos Pan-Americanos de Lima, em 2019, e mais dois primeiros lugares nos Jogos Mundiais Militares, nas edições de 2015 e 2019.

É de se enaltecer o fato de Darlan Romani chegar ao auge em Belgrado, já que no período de preparação para Tóquio, ele teve que suportar as más condições de treinamento. Também é necessário escrever sobre as consequências do quarto lugar no Japão: ele ficou de “mãos abanando”.

Porém, uma legião de fãs se uniu e organizou uma vaquinha virtual em apoio ao arremessador de peso. O total arrecadado foi de R$ 302.275 e destinado a Darlan; bem mais do que os R$ 36 mil pagos pelo Comitê Olímpico Brasileiro (COB) aos campeões.

Quadro geral

O arremessador pertence ao seleto grupo de brasileiros que conquistaram medalhas em competições indoor. Para o Brasil, é a décima sexta medalha conquistada no total – sendo cinco de ouro. Se considerarmos a quantidade de esportistas nacionais que chegaram ao pódio, Darlan Romani é o quarto e fica ao lado de Zequinha Barbosa (corrida de 800 m, em 1987), Fabiana Murer (salto com vara, em 2010) e Mauro Vinícius da Silva (salto em distância, em 2012 e 2014).

O mundial da Sérvia vai até domingo, 20/03 e o próximo local que sediará a competição será a cidade de Nanjing, na China, em 2023. A edição de 2020 foi cancelada por causa dos problemas ocasionados pela pandemia do coronavírus.