A data de chegada da primavera, 23/09, coincide com a última partida profissional de um dos maiores tenistas que o mundo viu jogar nas últimas décadas.
Roger Federer anunciou que guardaria sua raquete dos torneios oficiais. Seu derradeiro compromisso foi um jogo disputado na Laver Cup. Uma partida de duplas, ao lado de um de seus maiores rivais, o também consagrado Rafael Nadal.
O torneio de Laver Cup é disputado em Londres e Federer perdeu para os norte-americanos Jack Sock e Frances Tiafoe. A duração do embate superou as duas horas. Mesmo com o resultado desfavorável, Roger Federer deixou claro que, para ele, o dia era muito especial.
“Estou muito feliz, não triste. É muito bom estar aqui (...) A partida foi incrível e é demais jogar com Rafa(el Nadal) no mesmo time e ter todos comigo”, declarou após o fim do jogo.
Parada forçada
Seu ciclo de disputas e vitórias foi de 24 anos e, entre os vários títulos, há 20 que pertencem à classe de Grand Slam. Federer tomou a decisão de parar porque sentia problemas no joelho. Num espaço de um ano e meio, o suíço passou por três cirurgias nessa parte do corpo. Em vista disso, percebeu que seu desempenho não seria mais o mesmo e ficou em dúvida.
Noutra declaração, Roger Federer disse que sempre jogou por gostar do Tênis e não para galgar o sucesso. Tinha apenas a pretensão de brincar com os amigos.
Mas reconheceu que sua trajetória foi espetacular e faria tudo de novo.
Com o intuito de se resguardar, Federer foi selecionando mais os torneios que disputaria. Treinava mais do que competia.
Aos 41 anos, o tenista mostrou na Laver Cup de 2022 tanto vigor como qualidade técnica, apesar dos recorrentes problemas físicos surgidos a partir de 2020.
Respeitado
Mesmo assim, o suíço detém marcas importantes como o recorde de permanecer mais tempo na liderança do ATP – foram 237 semanas. Foi o tenista mais velho a recuperar essa liderança em 2018.
Ele possui a segunda melhor marca na conquista de títulos, com 103 triunfos em 24 anos de carreira. Também possui o impressionante número de 1.251 vitórias.
O recordista tanto de uma quanto da outra estatística pertence ao americano Jimmy Connors, com 109 títulos e 1.274 partidas ganhas.
Considerado um jogador versátil, Roger Federer não se limitou a um tipo de solo. Mandava bem no cimento e na grama. Isso é verdade, pois seu último compromisso profissional foi o torneio de Wimbledon, em 2021, o qual é realizado na grama impecável e verdejante do templo do tênis.
Fora das quadras
O agora aposentado tenista suíço é conhecido por seu cavalheirismo e por sua imponência. Entretanto, até chegar a essa aura atingida por poucos ídolos do esporte, Federer teve que “comer o pão que o Diabo amassou”.
Na juventude, tinha traços de ansiedade e explosão: não raramente quebrava as raquetes e discutia com juízes, jogadores e sua equipe pessoal.
Não demorou muito para ser rotulado como o “Bad Boy” do tênis.
Primeiro preparador físico do astro, Paul Dorochenko lembra que Federer era uma pessoa legal, mas tinha uma dose de loucura. Era meio bobo. Disse que o suíço não comparecia aos treinamentos. Certa vez, Paul foi buscá-lo. Na sequência, Federer repetiu sua negação e Paul o puniu. Confessou que essa época foi difícil.
Eram os anos 90, caracterizados por mais raquetes destruídas do que títulos conquistados. Um de seus maiores inimigos era o próprio Roger Federer.
Sem autocontrole e permitindo que a raiva o dominasse, a perspectiva não era das melhores. Mais tarde reconheceu que adotava atitudes e comportamento abomináveis. Esse prejuízo era observado pelos treinadores e pela família.
Decidiu por um novo rumo, buscando ajuda com um psicólogo.
“Levei dois anos para encontrar o equilíbrio perfeito entre paixão e calma”, relembrou Federer. A virada começou a acontecer com o primeiro título em Milão, Itália. Em 2002, venceu em Sydeny, Austrália. Tinha 20 anos e dois anos depois encabeçou a lista da ATP. Foi um reinado ininterrupto até agosto de 2008.
Fecho de ouro
Dotado de um estilo elegante e com sua conhecida esquerda, Roger Federer já havia formado dupla com o espanhol Rafael Nadal, em 2017, na própria Laver Cup. O suíço escolheu esse torneio como a última atuação, porque ajudou a concretizar a Laver Cup. Um voleio genial.
Sob forte emoção e choro, Nadal disse em entrevista que a rivalidade com o suíço foi positiva e que Federer foi muito importante em sua vida.