Localizada a pouco mais de duas horas de distancia de Salvador (BA), esconde-se uma bela surpresa: a cidade de Itatim, que chama a atenção pela presença de rochas imensas, que podem ser avistadas por todos os pontos da cidade.

Cortada por um trilho de trem, pertencente a uma ferrovia secular, que ainda hoje se encontra em pleno vapor, a pequena cidade é cheia de características próprias e um ritmo só seu. Aqui, do meio dia às 14h, tudo fecha para a sesta. Às segundas, o centro da cidade dá espaço à feira, outra tradição secular.

Itatim é uma cidade recente, mas bem estruturada.

Encontra-se nas proximidades, tanto de Salvador, quanto de Feira de Santa, o que facilita o fluxo de pessoas. Em razão de sua composição histórica e sua formação geográfica e geológica, o turismo na cidade tem crescido a cada dia.

História

A região que hoje compreende o município de Itatim, foi inicialmente habitada por índios sabujás e cariris. O nome da cidade deriva do termo tupi “Ita” (pedra) e “tim” (aguda) que, juntas, significa “bico de pedra”.

Essa referência deve-se ao Morro da Ponta Aguda, uma das inúmeras elevações geográficas no entorno da cidade, também denominada Inselbergues.

Após serem expulsos por bandeirantes, a terra indígena deu lugar a negros escravizados e foragidos que se aglomeravam e formavam quilombos.

Em 1879, quando a via férrea que corta o centro da cidade passou a ser construída, a região foi tomada por trabalhadores de diversas partes do país, dando origem a miscigenação do povo que hoje a compõe.

No entanto, embora sua história date desde o início da colonização do país, o município de Itatim foi criado somente em 1989, após ser desmembrado do município de Santa Terezinha, através da Lei Estadual 5.015, de 13 de junho.

É uma cidade jovem e promissora, em especial no que tange seu potencial turístico.

Geografia

Itatim está localizada no Recôncavo Sul da Bahia, a 210 km da capital do Estado e pertence à microrregião de Feira de Santana. As principais vias de acessos são a BR 116 e 324. No entanto, também é possível chegar através da BA493, que liga a BR101 com a BR116.

O município está totalmente inserido no Polígono das Secas e seu clima é tipicamente semiárido. A cidade é submetida a ventos fortes e secos, os quais contribuem sobremaneira para a aridez da paisagem durante os meses de seca.

Está inserida no bioma da caatinga, com árvores esparsas e solo quase descoberto. Possui diversas espécies endêmicas, ou seja, que são exclusivas desta região.

Mas, o que chama realente a atenção aqui, é a presença de numerosos inselbergues (do alemão inselberg, “monte ilha”), nome dado às ilhas de pedra, típicas desta região. A vegetação associada a esses inselbergues, formam um anel de 15 a 20 metros de largura em suas bases, e se disferem da caatinga tradicional. Seus estreitos alongados, que ocorrem na porção norte e sul do município e por rochas cristalinas, são as mesmas pertencentes aos complexos de Jequié e Caraíba.

Itatim, caracteriza-se, portanto, por suas formações rochosas distintas, as quais se destacam, além do morro da Ponta Aguda, que dá nome a cidade, os morros da Toca, do Enxadão, do Roque, dentre tantos outros.

Por esta razão, possui colinas tão altas quanto encantadoras, excelentes para a prática do ecoturismo, trilhas de bicicleta ou escalada, esporte que se difundiu no município.

Turismo e Cultura locais

Itatim está inserido no mapa do Turismo baiano, compondo a Zona Caminhos do Jiquiriça.

Dentre seus patrimônios materiais, podem-se destacar a Igreja de Nossa Senhora da Piedade, localizada na pedra da Ponta Aguda, datada de 1883; a estação ferroviária, de1879 e que corta quase toda a cidade; a igreja de Santo Antônio, que se encontra no centro.

O artesanato feito em palha, madeira e barro, produzidos pelos artesãos locais e comercializados em feira livre, às margens da BR 116, também são outro ponto de destaque, contribuindo para a manutenção da renda de diversas famílias.

Chama-se atenção que, em razão de sua formação geográfica, o município de Itatim possui importantes sítios arqueológicos e pinturas rupestres. Por sua formação natural, abrigos e tocas foram criados pelos habitantes pré-históricos do semiárido, que registraram sua presença e passagem através das pinturas rupestres que podem ser encontradas ainda hoje, no interior de algumas rochas.

Nesse sentido, desenvolveu-se aqui outro tipo de turismo, o acadêmico, recebendo estudantes de diversas universidades com o intuito de realizar pesquisas sobre o relevo, a vegetação e as pinturas rupestres espalhadas pela região.

A atividade turística na região é sazonal, sendo o fluxo intensificado especialmente no verão, quando o município recebe inúmeros visitantes em busca da prática do turismo de aventura como escalada esportiva, montanhismo, asa delta, rapel, trilhas, cicloturismo, dentre outros.

Com a criação do Clube Calangos D’aventura, o município passou a fortalecer as práticas esportivas por parte da população local, tanto que no ano de 2009, sediou o VIII Encontro de Escaladores do Nordeste (EENE), o evento mais importante da categoria no país nesse seguimento.

Iniciativas como esta, vem fortalecendo atividades como o montanhismo, além de visitas guiadas, trilhas ecológicas, ciclismo e caminhadas, que acionam o efeito multiplicador do turismo e ajudam a impulsionar a economia, estimulando o comércio local através venda de produtos alimentícios, da hotelaria, consumo em bares e restaurantes, etc.

A única coisa que Itatim não tem é uma cachoeira, a exceção de uma sazonal, que aparece somente nos meses de novembro, para depois reaparecer somente no ano seguinte.

No entanto, para encontrar maiores informações sobre serviços turísticos ou para a contratação de guias e instrutores para a prática de escalada esportiva e outros esportes em Itatim, as mídias sociais, a exemplo do Instagram, são mais efetivas do que os tradicionais buscadores do Google.

Esta é uma cidade acolhedora e receptiva, que trata muito bem seus visitantes. Cheia de atrativos naturais e culturais impares, além de uma história singular. Vale a pena conhecer.