O Turismo de base comunitária tem o poder de agregar em suas vivências um algo mais, como a troca de conhecimentos e experiências entre o visitante e a localidade que visita. Essa é uma prática turística que envolve, ao mesmo tempo, entretenimento e interações contemplativas e participativas, onde o visitante tem a possibilidade de conhecer a rotina de uma vila de pescadores, participar dos rituais de uma aldeia indígena e ouvir narrativas de uma comunidade quilombola.
Para além do convencional
No turismo de base comunitária, a principal motivação do visitante está em participar e conhecer melhor as rotinas de vida de uma comunidade local, tendo acesso a suas narrativas, práticas e saberes próprios, que foram desenvolvidos ao longo do tempo.
Esse é um modelo de turismo que viabiliza a oportunidade de desenvolvimento econômico para aqueles que foram, historicamente, excluídos dos processos que envolvem os projetos turísticos tradicionais. Nessa prática, o protagonismo e a mobilização social da comunidade são fundamentais, uma vez que sua participação através do cooperativismo, da economia solidária, da valorização da cultura, partilha e troca de saberes com o visitante, se tornam os principais elementos da atividade turística.
Na Bahia, um dos estados brasileiros pioneiros da prática, foi implementado o Projeto de Lei Nº 14.126/ 2019, responsável por instituir a Política Estadual de Turismo Comunitário no Estado da Bahia, com o objetivo de possibilitar ações efetivas de incentivo e incremento da atividade.
Através da Rede Batuc – Turismo Comunitário da Bahia em Movimento, a Bahia é apresentada em formas que vão além dos conhecidos cenários que abrigam as lindas praias, o tradicional roteiro histórico pelo Pelourinho e da carnavalesca axé music, provando que esse é um território diverso, fortalecido principalmente por meio de suas comunidades locais e seus saberes.
Assim, as principais propostas de turismo de base comunitária baianas têm suas origens, especialmente, em locais com rica biodiversidade e nos quais os grupos sociais têm suas economias voltadas essencialmente para atividades produtivas tradicionais e de subsistência, como áreas protegidas, comunidades quilombolas, indígenas, caiçaras, ribeirinhos e assentamentos rurais e urbanos.
Como participar
Um dos grandes potenciais do Turismo Comunitário parte da compreensão de que as tradições, a cultura e os membros integrantes de comunidades excluídas do trade turístico possuem um valor inestimável. “O Turismo Comunitário é uma forma de realizar o turismo com responsabilidade, sustentabilidade e solidariedade, onde povos e comunidades tradicionais, da agricultura familiar e da cidade compartilham com os visitantes experiências autênticas e transformadoras”, afirma a Rede Batuc.
Na Bahia, existem diversas comunidades que integram a Rede, a qual disponibiliza agendamentos de visitas por meio de site e redes sociais. O visitante interessado terá oportunidade de partilhar, além das vivências culturais, roteiros que incluem atrativos como cultivo em hortas, trilhas, banhos de cachoeira e hospedagem nas casas dos moradores.
Alguns exemplos, são as comunidades de Cachoeira, com o Rota da Liberdade e em Entre Rios, através do Quilombo do Massarandupió, ambos com oferta de Turismo étnico afro em quilombo; de Santo Amaro, com o Turismo em Movimento; e Chapada Diamantina, com os Roteiros em Cantos da Chapada - esses dois últimos com proposta de Turismo em assentamento; em Porto Seguro, na Reserva Pataxó da Jaqueira, onde se destaca o Turismo dos povos originários/indígenas, além de outros diversos.