A historicidade da vila está associada à Ilha de Tinharé, o que inclui Morro de São Paulo. Sua história se inicia com a chegada de Martim Afonso de Souza à ilha, no ano de 1531, passando a ser administrada pelo capitão-mor Francisco Romero, em 1534, a mando do fidalgo português Jorge Figueiredo Correia, a quem foi doada a capitania de São Jorge dos Ilhéus.

Em 1535, naufraga no sul da ilha de Boipeba, onde atualmente se encontra a Ponta dos Castelhanos, o barco espanhol Madre de Dios. Esse mesmo momento da história marca a passagem do célebre navegador português Diogo Álvares Correia, o Caramuru, pela ilha, que auxiliou no resgate dos náufragos, que eram atacados por índios.

O nome Boipeba, dado à ilha, provem do tupi e significa cobra-chata, em menção à tartaruga marinha encontrada na região.

No ano de 1537, as terras de Jorge Figueiredo Correia são divididas em sesmarias, ou seja, lotes de terra doadas pela Coroa portuguesa. Uma dessas, então denominada sesmaria das Doze Léguas de Camamu foi doada ao fidalgo português Mem de Sá, que viria a se tornar Governador Geral do Brasil, em 1556.

Aos poucos, a colônia foi se expandia e a ilha acompanhava o ritmo. Os Jesuítas se instalaram em Cairu e Taperoá, localizado em frente às ilhas, dando início ao projeto de catequização dos índios.

Na época, havia um grande temor em relação aos tupinambás, índios que ocupavam esse território.

Eles eram conhecidos por seus ataques sangrentos. No entanto, uma epidemia de varíola assolou na região, gerando morte e dispersão dessa população, facilitando a estabilização dos portugueses.

Mas essa paz dura pouco. Logo após esse período, índios Aimorés começaram a se instalar na região.

Ao se tornar Governador Geral, Mem de Sá doa a sesmaria das Doze Léguas aos jesuítas.

Nesse momento, o avanço dos aimorés pelas terras de Ilhéus e Porto Seguro gera uma onda de ataques, obrigando refugiados a se abrigarem em Boipeba e Cairu, aumentando a população do entorno.

Em 1565, são criadas as vilas de Camamu, Cairu e Boipeba. No entanto, os frequentes ataques dos índios aimorés fizeram com que esse fato se efetivasse apenas entre 1608 e 1610.

A vila de Nossa Senhora do Santo Amparo, atual Valença, sofreu um grave ataque dos aimorés em 1574, provocando fuga dos moradores e completo abando da ilha.

Esses constantes ataques fizeram com que Boipeba se desenvolvesse rapidamente, uma vez que aumentava o número de moradores locais, que buscavam a ilha para se refugiar. Naquele tempo, a economia da vila se centrava na produção de diversos alimentos que abasteciam Salvador e região.

A Igreja do Divino Espírito Santo foi erguida entre 1608 e 1610 pelos jesuítas, mesmo momento em que Boipeba se eleva à condição de vila. Atualmente, a igreja é considerada o mais importante monumento histórico da ilha.

Em 1624, a esquadra holandesa faz a primeira visita às águas de Tinharé, pouco antes de tomar a cidade de Salvador.

Mesmo após serem expulsos, as tentativas de invasão persistem e, em 1628, a ilha de Tinharé é saqueada por holandeses. Com o intuito de proteger as ilhas, em 1630, inicia-se a construção do Forte de Nossa Senhora da Conceição, que levou quase cem anos para ser concluído.

Com a migração em massa da população de Boipeba para o continente, o local perde sua categoria de vila. Jequié, atual cidade de Nilo Peçanha e sediada no continente, foi elevada a vila, recebendo como nome “Nova Boipeba”.

É possível notar que, graças a sua localização estratégica, as ilhas de Boipeba e Tinharé tiveram um papel fundamental para o desenvolvimento de toda a região, em diversos momentos da história.

Para quem visita a vila, é possível encontrar inúmeros vestígios desse período, marcado pela colonização do Brasil, que ainda podem ser observados na arquitetura local, tendo como pano de fundo uma natureza exuberante.

Por esta razão, em 1992 é criada nas ilhas de Tinharé e Boipeba uma Área de Proteção Ambiental (APA), com o intuito de preservar o rico patrimônio natural presente na região.

Turismo e atualidade

Boipeba está inserido no Mapa do Turismo da Bahia, compondo uma das 13 diferentes Zonas Turísticas baianas. Faz parte da Costa do Dendê, zona que integra os municípios de Camamu, Valença, Cairu, Taperoá, Ituberá e Igrapiúna.

A ilha está cercada pelo estuário do rio do Inferno e pelo oceano, gerando uma imensa diversidade de ecossistemas, sendo reconhecida pela Unesco como Reserva da Biosfera e Patrimônio da Humanidade.

Como patrimônio natural, a região conta com um mosaico de ilhas, lindas praias, baías, manguezais, restingas, nascentes, rios, lagoas, estuários e cachoeiras, que permitem a prática de inúmeros esportes radicais.

Dado seu patrimônio cultural e a infraestrutura turística local, a região forma um cenário completo para atender quase todos os tipos de turistas.

Quase, pois é necessário apreciar longas caminhas, uma vez que, assim como Morro de São Paulo, não há trânsito de carros na ilha.

No entanto, para os amantes do sossego e de praias paradisíacas, muitas desertas, a ilha é apaixonante. E o melhor, quem visita Boipeba, ganha de brinde Moreré, outro paraíso, localizada no entorno da vila. É possível chegar lá andando ou com transportes 4x4 fretados individualmente ou para grupos. Como quem vai não quer voltar, é possível encontrar pousadas, hotéis e restaurantes em Moreré, que também é refúgio de famosos que se encantam com as belezas naturais da região.

Como chegar

O trecho Salvador–Boipeba é uma pequena aventura. Por se tratar de uma ilha, o local não é de tão fácil acesso. O destino é sempre Valença (não transita carro em Boipeba), de onde partem barcos regulares para a ilha.

Se preferir mais comodidade, diversas agências de viagem operam traslados para esse trecho, e podem ser encontradas na internet.

Ônibus

Saindo do terminal marítimo São Joaquim, é possível pegar uma balsa até Bom Despacho, na Ilha de Itaparica. Há um terminal de ônibus, onde é possível comprar uma passagem até Valença e de lá pegar um barco até Boipeba.

Outra opção é sair do Terminal Marítimo de Salvador, pegar uma lanchinha até o terminal de Mar Grande, onde será necessário se deslocar até Nazaré das Farinhas através de transportes alternativos.

A partir da rodoviária de Nazaré, deve-se deslocar-se até Valença e depois pegar um barco até Boipeba.

Carro

Há duas opções: via BR 101 ou atravessar a baía de balsa até Bom Despacho, deixar o carro em Valença e de lá pegar uma lancha até Boipeba.

Ou mesmo, deixar o carro numa pequena cidade chamada Torrinha (via BA 001) e de lá pegar um barco até Boipeba.

Catamarã /Jipe

As embarcações partem para Morro de São Paulo e de lá é possível pegar um veículo 4x4 até Boipeba. Agências de viagens operam esse trecho.

Avião

Agências de viagem operam trechos para a ilha. A viagem dura cerca de 30 minutos.