O Japão esta na lista dos 10 países onde mais ocorre suicídio no mundo, mas não lidera a lista como muitas pessoas pensam. Existe um lugar no Japão, localizado a Noroeste do Monte Fuji, cerca de 100 km de Tóquio. Espalha-se por aproximadamente 30 km quadrados, em uma região de solo de lava escura e enrijecida, que foi resultado da ultima grande erupção do vulcão, ocorrida no ano de 864.
Apesar da sua incrível capacidade de destruição, os vulcões tornam o solo ao seu redor extremamente fértil, já que as cinzas e a lava, depois que esfriam, funcionam como adubo.
Nesse local desenvolveu-se o Mar de Árvores (树海), em volta do Monte Fuji. Existem mais de 200 grutas em Aokigahara, algumas possuem templos e santuários.
A história macabra de Aokigahara se inicia durando o século 19, onde uma tradição Japonesa teve seu ápice, o ubasute (姥捨て), que consistia no ato de abandonar idosos e doentes em uma época de escassez no Japão. Os cidadãos pobres levavam seus idosos e doentes e os abandonavam na montanha, pois não haviam condições de pagar seus cuidados.
Hoje em dia, o termo ubasute consiste em levá-los a hospitais ou instituições de caridades, praticamente abandonando-os para que o governo ou ONGs tomem conta. Veja o ato do ubasute no filme Narayama, de 1987:
O local ganhou mais popularidade em 1960, quando a escritora Seicho Matsumoto publicou um romance chamado Kuroi Jukai (黒い樹海), traduzido, Mar Negro de Árvore.
A história descrevia um casal, no estilo Romeu e Julieta, que por fim se suicidava na floresta de Aokigahara.
Em 1993 o escritor Wataru Tsurumui publicou o primeiro livro de um best seller intitulado como O Manual Completo de Suicídio (完全自殺マニュアル, Kanzen Jisatsu Manyuaru), contendo 198 páginas apenas ensinando como as pessoas podem cometer suicídio.
Em um capitulo ele chega a descrever a Aokigahava como o lugar perfeito para se cometer suicídio.
Desde 1950, a floresta registrou pelo menos 30 suicídios, e os números apenas cresceram conforme os anos se passaram. Em 2002 foram encontrados 78 corpos, superando o ano de 1998, que foram encontrados 73 corpos. Em 2002, o número chegou a 100 corpos por ano.
Desde então, o governou local parou de divulgar os números de suicídio na floresta, em um ato de tentar desvincular a floresta com o termo suicídio.
Em 2004, houve o registro de que 108 pessoas se suicidaram no local. Em 2010, ocorreram 247 tentativas de suicídio no local, sendo 54 casos confirmados. Em 1970, a taxa de suicídio foi tão alta que levou um grupo constituído de policiais, voluntários e jornalistas a darem início a buscas anuais por corpos e desaparecidos.
Ao longo da floresta existem cartazes e placas escritos tanto em japonês quanto em inglês pedindo para que as pessoas que tenham ido até lá cometer suicídio procurem ajuda e não tirem a própria vida.
O Japão tem a tradição de honrar o suicídio, e não há nenhuma religião que os condene.
Alguns chegam a citar a prática samurai seppuku (切腹), que consistia na única alternativa para manter a honra, caso fosse capturado por inimigos ou como sinal de extrema lealdade ao seu mestre.
Os samurais eram conhecidos por terem apenas um único mestre durante toda a vida. Caso o mestre morresse, os guerreiros verdadeiramente leais deveriam cometer o seppuku. Se o samurai não realizasse o seppuku, passava a ser um ronin (浪人), uma espécie de guerreiro sem mestre, tido como um dos títulos mais desonrosos para uma pessoa.
Seppuku significa literalmente “corte no ventre” ou “corte estomacal”, uma referência direta de como este tipo de suicídio era executado. Outros citam os pilotos kamikaze (神風), que foram enviados a missões suicidas onde o caça Zero, da Mitsubishi, era utilizado deliberadamente como um míssil.
Veja o ato do seppuku no filme Harakiri, de 1962.
O Japão não tem história de cristianismo. Então, o suicídio não é um pecado. Na verdade, alguns encaram como uma forma de assumir responsabilidade por alguma coisa.
A floresta é vista pelos japoneses como um local maldito, assombrado por demônios e fantasmas, acreditam que se entrarem na floresta jamais poderá retornar. Devido às grandes quantidades de ferro nas rochas vulcânicas, algumas pessoas relatam que as bússolas não indicam a localização correta.
Há histórias sobre membros da yakuza que contratam pessoas desabrigadas para entrarem na Aokigahara e furtarem pertences e corpos de suicidas. Algumas pessoas acreditam que tais objetos permitam que a pessoa exerça domínio e poder sobre o yurei (幽霊, fantasma), escravizando-o e usando ele como arma contra os inimigos ou desafetos.
Muitos casos de cerimônias bizarras contendo ossos e pertences de suicidas foram denunciados por turistas que visitavam a floresta nos últimos anos. Para muitos a Aokigahara é um lugar misterioso e assustador, e permanecerá assim por muitos anos.