A jovem Marcela Loaiza resolveu relatar como ela e diversas outras mulheres, brasileiras e latino-americanas, eram exploradas sexualmente no Japão. As jovens teriam sido enganadas por uma quadrilha que prometia a elas uma carreira de sucesso como bailarina ou modelo.

Em reportagem publicada na BBC, ela narra também um dos momentos mais dramáticos da sua exploração, quando eles ordenaram que todas ficassem uma ao lado da outra, nuas e abrissem as pernas, esticando os braços. Neste momento, a jovem diz que de dentro de uma delas caiu uma camisinha com dinheiro.

Quando viu o que havia caído, a rede de criminosos teria queimado as genitais da jovem com um cigarro. Na manhã seguinte a forçaram a trabalhar normalmente, já que todas tinham uma meta a cumprir.

Deste momento em diante, os criminosos teriam criado uma lei, todas as meninas que fossem pegas escondendo dinheiro, teriam suas genitais queimadas com o cigarro.

Nenhuma delas recebia o dinheiro diretamente do cliente, tudo era administrado pela quadrilha. Marcela diz que às vezes os clientes davam gorjetas a elas, mas até esse dinheiro eram obrigadas a entregar.

O 'agenciamento'

Marcela narra que tudo teve início em uma casa noturna, onde animava festas e dava aulas de dança, na Colômbia. A jovem trabalhava na casa noturna para complementar sua renda mensal, já que também trabalhava em uma loja como caixa.

Segundo a jovem, ela estava trabalhando na casa noturna quando um homem se aproximou deu a ela um cartão e a fez uma proposta. Pipo, como se apresentou, disse que Amanda tinha um grande potencial para construir uma carreira de sucesso no mundo da dança, oferecendo a ela seus trabalhos como agente.

No início, a jovem diz não ter tido interesse na proposta do desconhecido, mas depois que sua filha, de apenas 4 anos, ficou doente, teve que parar de trabalhar para ficar com a menina.

Decidiu então entrar em contato com o agente.

Após realizar uma ligação a Pipo, ele se mostrou solidário e compreensivo com a história da jovem, oferecendo dinheiro para pagar todos os gastos hospitalares da criança. Marcela então aceitou a ajuda, acreditando que quando começasse a trabalhar poderia pagar tudo ao agente.

Depois que sua filha melhorou, Marcela decidiu viajar, onde construiria a carreira de sucesso que Pipo tanto falava.

A jovem deixou sua filha com a avó e embarcou, mas não disse a ninguém para onde iria a pedido de Pipo, apenas disse à mãe que iria a busca de emprego.

Até aquele momento, o suposto agente ainda não havia informado para Marcela para que país ela iria viajar, apenas fez isso no momento do embarque, quando a entregou dinheiro e um passaporte falso para facilitar sua entrada no Japão.

Apenas no desembarque Marcela foi informada de que seu trabalho seria como prostituta. Trabalho esse que Marcela foi submetida durante meses, em meados 1999.

Cliente ajuda Marcela a fugir

Após algum tempo, Marcela conta que um de seus clientes se apaixonou por ela, mas mesmo tentando, era difícil uma comunicação para pedir ajuda, já que ele era japonês e não entendia sua língua.

Mas depois de algum tempo, a jovem diz ter conseguido comunicação através de desenhos e poucas palavras em japonês que ela havia aprendido.

E após ele entender que ela estava ali contra sua vontade decidiu ajudá-la. Seu cliente deixou então uma sacola contendo roupas, uma peruca e dinheiro, em um McDonald's, próximo ao ponto onde Marcela era prostituída. Quando os olheiros da quadrilha se distraíram, Marcela conseguiu fugir e embarcar para a Colômbia novamente, deixando para trás um dos maiores horrores vividos pela jovem.