Uma matéria do jornal Folha de S.Paulo mostrou um levantamento onde comprova que as drogas ficaram mais caras e menos puras em decorrência do coronavírus. Na quinta-feira (25), o Escritório das Nações Unidas para Drogas e Crime lançou um relatório em que mostra os efeitos causados pela pandemia do novo coronavírus (Covid-19) no mercado de drogas ilícitas.
Segundo o relatório da UNODC, a recessão econômica, a interrupção do transporte aéreo, o fechamento das fronteiras, bem como o isolamento e distanciamento social tem provocado o aumento dos preços das drogas e redução da pureza das substâncias usadas em sua produção, devido a sua escassez nas várias regiões do mundo.
Os preços da anfetamina nos EUA e México aumentaram consideravelmente em março devido à dificuldade dos produtores mexicanos em conseguir a matéria-prima vinda, especialmente, do leste da Ásia. Essa dificuldade em conseguir matéria-prima tem induzido os produtores a produzir com outros químicos não habituais podendo provocar uma mudança nos padrões do uso e gerando um efeito ainda mais nocivo aos seus usuários.
Ação do governo no combate ao tráfico de drogas
O estudo da UNODC mostra que há uma tensão global desde a crise financeira de 2008 (momento em que os usuários passaram a utilizar drogas injetáveis) que vem mudando os padrões de consumo. Segundo a UNODC, os governos devem responder a essas questões com a contenção da distribuição, assim como fortalecer as redes de tratamento a usuários, sendo, portanto, um momento ideal para desmantelar as redes criminosas.
Com o advento e avanço da pandemia do novo coronavírus a economia no Brasil e no mundo tem sofrido quedas e por este motivo há um temor por parte da UNODC, de que os governos diminuam os investimentos no combate as drogas e também que haja uma diminuição do orçamento dedicado a prevenção e tratamento dos usuários, bem como no financiamento da luta internacional de combate do tráfico.
Risco de aumento do tráfico marítimo
Segundo estudos da UNODC, nos países desenvolvidos, as drogas ilícitas alcançam mais as pessoas de classe social elevada, porém quando as drogas chegam a pessoas economicamente mais vulneráveis tendem a provocar distúrbios, visto que a falta de oportunidades e outros fatores que abarcam pessoas pobres, provocam o desespero e os fazem buscar outras alternativas de trabalho mesmo que seja de cunho ilegal como produtores ou traficantes.
De acordo com as análises de especialistas, é provável que o tráfico marítimo aumente, principalmente, o da cocaína originária da América do Sul. O transporte marítimo é uma alternativa já que os voos comerciais foram barrados devido o avanço da pandemia do Covid-19 pelo mundo. Esse meio de transporte era utilizado por pessoas que serviam de mulas, onde as drogas metanfetamina e ecstasy eram transportadas nas bagagens ou no corpo desses indivíduos.
Apesar da dificuldade em se encontrar a droga no mercado e do preço elevado, o relatório da UNODC mostrou que o mundo está usando mais drogas como nunca usou nos últimos tempos.