Tahir Ahmed Naseem, que estava preso no Paquistão desde 2018 sob acusação de blasfêmia, após supostamente afirmar que era um profeta, foi assassinado a tiros dentro de um tribunal localizado em um complexo de segurança máxima na cidade de Peshawar. Naseem era membro da seita Ahmedi, que é perseguida no Paquistão, onde foi declarada oficialmente não-muçulmana.

Advogado

O advogado Saeed Zaher, estava no complexo de segurança máxima durante o ocorrido. Ele contou ao jornal britânico The Guardian que ouviu o disparo de seu escritório, por volta das 11h30, e imediatamente seguiu para o tribunal, onde se deparou com a vítima baleada, aparentemente na cabeça.

De acordo com Zaher, o suspeito de efetuar o disparo foi preso.

Ainda de acordo com o advogado, a prática de julgamentos abertos ao público é comum no Paquistão, porém ele não soube explicar como o homem conseguiu entrar no complexo de segurança máxima armado. Em desabafo, Zaer diz que foi muito perturbador ver um homem assassinado dentro do tribunal.

De acordo com relatos do The Gardian, existe uma foto circulando pelas redes sociais que diz se tratar do atirador. O homem que seria supostamente o assassino aparece sentado em um banco, sem calçados e vestindo uma calça de cor branca. O suspeito relatou que recebeu a ordem de executar Tahir em um sonho e, além de matar o paquistanês, ele deveria atacar juristas responsáveis por julgamentos relacionados ao mesmo tema.

O The Guardian relatou ainda que existem 17 prisioneiros acusados pelo crime de blasfêmia no corredor da morte nas prisões espalhadas pelo país e que dezenas de cidadãos cumprem prisão perpétua por crimes relacionados.

Fanatismo

O crime de blasfêmia é algo bem complexo no Paquistão, considerado um tema muito sensível que leva à condenações de pena de morte e, muitas vezes, é usado como desculpa para conflitos e guerras pessoais entre a população, desta forma é muito difícil julgar os casos relacionados ao assunto.

De acordo com Ibn Abdur Rehman, porta-voz honorário da Comissão de Direitos Humanos do Paquistão, "o fanatismo religioso está se tornando insuportável no Paquistão. Pessoas estão sendo mortas em nome da Religião. Não há verificação e equilíbrio. O governo está claramente silencioso sobre esse assunto. Esse silêncio faz do governo o culpado".