Na tarde desta segunda-feira (20), uma transexual brasileira de 48 anos, que atualmente mora em Milão, na Itália, foi encontrada morta em seu apartamento com pelo menos 50 facadas.
A brasileira vivia em um prédio na Via Plana há alguns anos e, de acordo com as informações, o corpo da vítima foi encontrado no segundo andar, no apartamento em que morava.
Descoberta do corpo
Vizinhos da vítima acionaram o corpo de bombeiros da cidade por volta das 15h30, após sentirem um cheio muito forte de gás no prédio, que vinha do apartamento da trans.
Os bombeiros chegaram ao local e, ao verificarem o apartamento, encontraram o corpo da vítima esfaqueado.
Mais de 50 marcas de facadas foram observadas nas costas e no peito da vítima.
Investigação
A brasileira de 48 anos vivia em Milão e trabalhava como acompanhante. Com perfis variados em sites de relacionamento, ela usava nomes diferentes e, de acordo com informações policiais, ela frequentemente recebia clientes em sua casa.
Baseado na quantidade de golpes proferidos com arma branca contra a vítima e no padrão de violência, os investigadores acreditam que ela foi assassinada durante uma briga, e o fato de morar sozinha e atender alguns clientes em sua residência sugere a possibilidade de que o assassino seja um deles.
O caso está sendo investigado pelas autoridades locais, e alguns vizinhos já prestaram depoimentos.
Reconstrução
De acordo com uma reconstrução do crime, antes de fugir o assassino teria aberto o gás no apartamento. A faca utilizada no crime ainda não foi encontrada e até o momento não existem informações sobre o suspeito.
A vítima não teve sua identidade revelada.
Violência contra pessoas trans
Sem um registro oficial de dados, o número de violência e assassinatos contra pessoas trans ainda é mapeado por organizações internacionais e sociais.
Um levantamento realizado pela Antra (Associação Nacional de Travestis e Transexuais do Brasil) e pelo IBTE (Instituto Brasileiro Trans de Educação) revelou índices preocupantes de violência cometidas contra essas pessoas. A nível mundial, o Brasil lidera em assassinatos de trans, com 47% dos registros. Em 2019 foram registradas 124 vítimas trans no Brasil, o que representa uma morte a cada três dias.
Grande parte das transexuais trabalham como acompanhantes ou com prostituição, devido à baixa escolaridade e o preconceito no mercado de trabalho que resulta na falta de oportunidades. Desta forma, essas pessoas acabam se tornando mais expostas à violência e ao estigma de marginalização imposto pela sociedade a essas profissionais.
Ativistas e instituições defensoras da causa acreditam que os casos são maiores que os registrados devido a subnotificação.