O mundo das notícias é complexo, e histórias e imagens falsas costumam ser amplamente compartilhadas nas redes sociais. A equipe editorial da Blasting News identifica as informações enganosas e as fraudes mais populares toda semana para ajudá-lo a entender o que é verdade e o que é mentira. Aqui estão alguns dos boatos falsos mais compartilhados da semana.

EUA

Alegação: Enfermeira do Alabama que desmaiou após receber vacina da Covid-19 morreu

Fatos: Várias publicações compartilhadas nas redes sociais declaram que Tiffany Dover, uma enfermeira que recebeu a vacina Covid-19, morreu. Seu suposto nome real seria Tiffany Pontes, de acordo com essas postagens. Uma “lista de mortos” publicada em sites não oficiais como Ancestry.com e SearchQuarry apoia esta alegação.

Verdade: O Hospital Memorial da Catholic Health Initiatives (CHI) em Chattanooga, Tennessee, onde Tiffany Dover trabalha, negou o boato. O hospital compartilhou um vídeo de Dover e seus colegas quatro dias após a vacinação para mostrar que ela estava viva e bem. Dover desmaiou após receber a vacina da Pfizer-BioNTech, mas está viva. Além disso, Ancestry.com e SearchQuarry não são sites oficiais de registro público e não compartilham certidões de óbito oficiais.

EUA

Alegação: Manifestante no Capitólio vestindo chapéu de pele com chifres pertence a movimento Antifa e BLM

Fatos: No último dia 6 de janeiro, apoiadores do presidente norte-americano, Donald Trump, invadiram o Capitólio, sede do Congresso americano, para impedir a certificação da vitória do democrata Joe Biden na eleição presidencial do último mês de novembro.

Várias fotos foram compartilhadas ao redor do mundo, entre elas a de um manifestante vestindo um chapéu de peles e chifres. Seu rosto foi identificado por alguns usuários das redes sociais como sendo de um apoiador do Black Lives Matter e do movimento de esquerda antifascista Antifa.

Verdade: O homem foi identificado como Jake Angeli.

A AZ Central, que o entrevistou em maio de 2020, classificou-o como apoiador de Trump e suas ideias. O jornalista que o entrevistou escreveu no Twitter: “Aqui está parte da minha entrevista com Jake Angeli, o homem de 32 anos sobre quem eu postei anteriormente, que agradeceu ao presidente @realDonaldTrump e o Q. Ele aplaudiu o trabalho do presidente e criticou o de a imprensa”.

EUA

Alegação: Prefeito de Washington D.C. ordenou o fechamento de estabelecimentos para deter manifestantes pró-Trump

Fatos: Vários posts foram compartilhados nas redes sociais dizendo que o prefeito de Washington D.C., Muriel Bowser, pediu a todos os hotéis, restaurantes, mercearias, postos de gasolina e lojas de conveniência que fechassem entre 4 e 6 de janeiro para “desencorajar os apoiadores de Trump de se reunirem”.

Verdade: Apenas um hotel e um bar fecharam durante os protestos. Não houve pedidos do prefeito da capital americana para fechar estabelecimentos. Bowser só colocou restrições para jantares em locais fechados, mas isso se deve ao aumento dos casos de Covid-19 na cidade, não aos protestos.

EUA

Alegação: CNN noticiou surto de canibalismo entre pessoas que tomaram vacina da Covid-19

Fatos: Usuários das redes sociais compartilharam uma suposta captura de tela de uma transmissão da CNN na qual aparece a imagem de uma sala de emergência cheia de sangue no chão e a seguinte legenda: “Primeiros pacientes com a vacina da Covid começam a comer outros pacientes”.

Verdade: A suposta captura de tela da CNN foi manipulada.

A imagem original da sala de emergência com sangue foi compartilhada em 14 de fevereiro de 2019, pelo jornal The New York Times, para ilustrar um artigo de opinião escrito por um estudante de medicina sobre vítimas de violência armada.

França

Alegação: Vacinação será obrigatória no trabalho

Fatos: Publicações compartilhadas nas redes sociais na França declaram que a vacinação será obrigatória para ir ao trabalho. Mensagens como "não vou trabalhar vacinado de jeito nenhum", "sem vacina, sem emprego" ou "como ninguém gosta da vacina, eles não vão diminuir o desemprego", podem ser lidas nas redes sociais.

Verdade: Em dezembro passado, a Ministra do Trabalho da França, Élisabeth Borne, disse: “O presidente deixou claro que não haverá vacinação obrigatória, portanto as empresas não poderão exigir isso de seus funcionários”.

“Uma empresa não pode impor a vacina”, acrescentou.

Canadá

Alegação: Putin fez discurso antimuçulmano em 2013

Fatos: Publicações compartilhadas no Facebook alegam que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, foi ovacionado na Duma (a Câmara baixa do país), em 4 agosto de 2013, após fazer um discurso antimuçulmano. Segundo os posts, Putin disse na ocasião: “Na Rússia, vivam como os russos. Qualquer minoria de qualquer lugar, se quiser viver na Rússia, trabalhar e comer na Rússia, deve falar russo e deve respeitar as leis russas. Se eles preferem a Lei Sharia e vivem a vida dos muçulmanos, então os aconselhamos a ir a lugares onde essa seja a lei do Estado”.

Verdade: Segundo a agência Reuters, não há nenhuma evidência tanto nas transcrições oficiais dos discursos públicos de Putin, publicadas no site oficial do Kremlin (sede do governo russo), quanto em sites de notícias que sugiram que Putin fez o discurso antimuçulmano citado nas postagens nas redes sociais.

Cingapura

Alegação: Dispositivo à venda transforma braço do usuário em "um telefone celular"

Fatos: Vídeo compartilhado milhares de vezes no Facebook promove um bracelete inteligente que estaria à venda em Cingapura e na Malásia. Segundo as publicações, o aparelho projeta uma tela interativa no braço do usuário, transformando-o em “um telefone celular”.

Verdade: Em uma busca reversa na internet, a AFP Fact Check constatou que o vídeo foi originalmente publicado em 30 de outubro de 2014 na página no YouTube da empresa Cicret Bracelet. O produto, no entanto, jamais chegou a ser comercializado e a página da empresa não publica nada novo há pelo menos 4 anos. Ainda em 2015, o site de checagem de fatos Snopes analisou o "vídeo conceitual" e chegou à conclusão que ele apresentava imagens geradas por computador, e não uma representação real da pulseira.

Brasil

Alegação: CEO da Pfizer disse que não irá tomar vacina contra Covid-19 produzida pela empresa

Fatos: Artigo publicado pelo site Boletim do Brasil e compartilhado milhares de vezes no Facebook afirma que o diretor da farmacêutica norte-americana Pfizer, Albert Bourla, disse que não irá tomar a vacina contra a Covid-19 desenvolvida pela empresa.

Verdade: O artigo compartilhado nas redes sociais faz referência a uma entrevista dada por Bourla à CNN no último dia 14 de dezembro, na qual o executivo afirmou que ainda não havia sido vacinado e que não passaria na frente dos grupos prioritários, formados por profissionais de saúde e residentes de casas de repouso. "Somos muito sensíveis para não cortar a fila", disse Bourla na ocasião, sem informar que não iria tomar a vacina.

Argentina

Alegação: Vacinação contra Covid-19 foi suspensa em Rosário devido a efeitos adversos da Sputnik V

Fatos: Publicações compartilhadas no Facebook e WhatsApp afirmam que a cidade argentina de Rosário suspendeu a vacinação contra a Covid-19 devido a efeitos adversos da vacina Sputnik V, desenvolvida pelo Centro Nacional Gamaleya de Epidemiologia e Microbiologia da Rússia. As diferentes publicações compartilhadas nas redes sociais trazem a assinatura do grupo negacionista Médicos pela Verdade Argentina.

Verdade: A alegação que circula nas redes sociais foi desmentida tanto pela Secretaria de Saúde Pública de Rosário quanto pela Secretaria de Saúde de Santa Fé, província onde a cidade está situada.

Em declarações à agência de checagem de fatos argentina Chequeado, o secretário de Saúde Pública de Rosário, Leonardo Caruana, explicou que “embora tenham ocorrido efeitos adversos supostamente atribuíveis à vacinação, todos os efeitos que tivemos foram produzidos em uma porcentagem mínima das pessoas que vacinamos e, além disso, são efeitos descritos como comuns a outras vacinas, como síndromes febris, dores musculares ou de cabeça”.

Espanha

Alegação: Primeira vacinada contra Covid-19 na Espanha morre 24 horas após tomar a injeção

Fatos: Usuários das redes sociais compartilharam uma suposta capturada de tela de uma reportagem do jornal espanhol El Mundo anunciando que Araceli Hidalgo, de 96 anos, a primeira pessoa a ser vacinada contra o coronavírus na Espanha, faleceu 24 horas após a aplicação do imunizante.

Verdade: Em declaração à agência espanhola de checagem de fatos Newtral, a Secretaria de Bem-Estar Social de Castilla-La Mancha, região onde Araceli vive em um lar para idosos, confirmou que ela não morreu: "Ela está perfeitamente bem, ela está ótima". Em nota, o jornal El Mundo afirma que a imagem compartilhada é uma montagem e pede aos leitores que não a divulguem.