A Índia parece ter atingido o auge do colapso da Covid-19. O país, que já ocupa o quarto lugar em número de mortos pela doença, atualmente encontra dificuldades para sepultar seus mortos.
O próprio governador do estado de Karnataka, que é o mais atingido atualmente pelo novo coronavírus, sugeriu que a população creme seus mortos por conta própria de forma a manter o ritual hinduísta.
Segundo o governador B. S. Yediyurappa, esta é uma forma respeitosa e eficaz para evitar que ocorram aglomerações nos cemitérios e crematórios locais. Desta forma, foi sugerido que os parentes dos finados realizem a cremação em suas próprias residências.
Influências culturais e religiosas
A maior religião da Índia é o hinduísmo, que conta com cerca de 900 milhões de fiéis, em um país cuja população está estimada em 1,3 bilhão de pessoas. Segundo a tradição hindu, cremar os corpos dos finados faz com que sua alma seja liberta e ainda promove uma nova chance de reencarnação.
Já os muçulmanos, que representam no país uma minoria de cerca de 200 milhões de pessoas, estão sendo sepultados na terra pela própria família em grande parte dos casos. Atualmente, é possível ver crematórios improvisados, funcionando ao ar livre ininterruptamente por conta da quantidade de mortos.
Novas projeções desanimadoras
Estima-se que no mês de maio, a Índia atingirá o patamar de 500 mil novos casos de Covid-19 por dia e, possivelmente, até 5.700 mortes diariamente.
Os problemas de saúde pública são os mais diversos, como UTIs saturadas e ausência de respiradores e ventiladores mecânicos, o que faz com que muitos pacientes sequer tenham a chance de tratamento.
Nova variante da Covid indiana
Como se não bastassem todos esses problemas que estão sendo enfrentados pela população da Índia, a nova onda que se iniciou recentemente parece ser mais grave uma vez que duas novas variantes já estão circulando pelo país.
A variante local intitulada "duplo mutante" é uma cepa de vírus que carrega duas mutações.
A outra variante, encontrada pela primeira vez na região britânica de Kent e que também está circulando em território indiano, está sendo estudada e, segundo a cientista britânica Sharon Peackcok, pode "varrer o mundo".
Subnotificações apavoram
De acordo com alguns especialistas e pesquisadores da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, tanto o número de casos quanto o número de óbitos causados pelos novo coronavírus na Índia podem ser bem maior do que os relatados pela mídia local.
Os casos podem atingir patamares 30 vezes maiores do que estão sendo informados oficialmente pelo governo. Já o número de óbitos pode estar próximo de 1 milhão no pior cenário.