Depois de 20 anos fora do poder no Afeganistão, o grupo radical islâmico Talibã tomou a capital do país, Cabul, neste domingo (15). A tomada de Cabul foi realizada sem maior resistência, como indicam relatos vindos da nação afegã, logo depois de uma semana de avanços em direção à capital.
Até esse domingo (15), o Talibã vinha fazendo conquistas nos territórios vizinhos ao redor da capital, com a estratégia de cercar Cabul. A conquista da capital afegã aconteceu neste domingo pela manhã (no horário de Brasília), com o presidente Ashraf Ghani e o vice, Amrullah Saleh, fugindo para o vizinho Tajiquistão.
Desde outubro de 2001 o grupo radical não entrava em Cabul. O risco de eles tomarem a capital do Afeganistão já estava sendo alertado por vários especialistas, que viram com muita preocupação a saída das tropas norte-americanas do país depois de 20 anos de ocupação.
Logo depois dos atentados do dia 11 de setembro de 2001, já havia a presença de tropas americanas na área do Afeganistão e, em seguida, só aumentou, causando cada vez mais reprovação da população dos EUA, que foi gradativamente abandonando o apoio ao que se chamou de “guerra ao terror”.
Da invasão dos EUA às retiradas das tropas
Com a saída do presidente republicano George W. Bush e a entrada do democrata Barack Obama na presidência, a retirada das tropas americanas do Iraque e do Afeganistão foi ganhando cada vez mais apoio da população.
O governo Obama teve destaque por várias tentativas de apressar essa retirada militar americana do Afeganistão, mas o medo sobre o vácuo do poder impediu a retirada das tropas. Nesses mesmos períodos, os acordos feitos com o grupo Talibã avançavam e recuavam, com vários ataques acontecendo nas regiões de fronteira entre o Afeganistão e o Paquistão.
Já o presidente republicano Donald Trump, quando começou seu mandato em 2016, fez várias promessas de acabar com, como ele chamou, de “guerras infinitas” e de retirar as tropas americanas do Iraque e também do Afeganistão. Enquanto isso ocorria, os ataques do Talibã em Cabul só aumentavam.
Foi nessa mesma época que os EUA fizeram um maior avanço rumo a um acordo de paz com as forças armadas afegãs.
Assinado no começo de 2020, o documento estabelecia, entre vários termos, a retirada completa das tropas americanas em troca de o Afeganistão não mais se tornar um refúgio de terroristas.
O presidente democrata Joe Biden, no dia 14 de abril de 2021, declarou a retirada das tropas até o final desse mês.