O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) mostra um desgaste interno, com o derretimento de seu apoio popular, crucial para a vitória nas eleições de 2018. Agora, porém, o chefe do Executivo federal também parece ter problemas em suas relações externas. Admirador de Donald Trump e sempre próximo ao ex-presidente americano, Bolsonaro se viu perdido sem seu aliado no continente, visto que o republicano perdeu as eleições de 2020 para o democrata Joe Biden.

Com uma relação estremecida e pouco cordial com Biden, Bolsonaro se vê cada vez mais isolado.

Uma atitude recente de Biden pode ter selado de vez as relações entre presidentes brasileiros e americanos.

Biden ignora Bolsonaro e contata governadores

Vale lembrar que as relações tensas entre Biden e Bolsonaro se dão há alguns meses. Em abril, por exemplo, durante reunião que envolvia a cúpula sobre mudanças climáticas, Biden se recusou a ouvir a fala de Bolsonaro e deixou a sala antes que o presidente brasileiro aparecesse em seu telão. Saiu da sala sem sequer ouvir os primeiros cumprimentos do chefe do Executivo brasileiro, que, à época, teceu uma descrição vista como distópica por parte da crítica sobre a situação atual na Amazônia, bem como as consequências para o agravamento de efeito estufa.

Agora, de acordo com informações do colunista da Veja José Casado, Joe Biden decidiu ignorar Bolsonaro e autorizou a abertura de um canal de comunicação direto com os governadores brasileiros, sob direção de John Kerry, que já foi senador e ex-secretário de Estado durante o Governo Obama. Considerado como o homem de confiança de Joe Biden para assuntos referentes ao meio ambiente, Kerry marcou uma reunião virtual, que contará com os governadores João Doria (PSDB-SP), Eduardo Leite (PSDB-RS), Wellington Dias (PT-PI), Renato Casagrande (PSB-ES), Reinaldo Azambuja (PSDB-MS) e Flávio Dino (PSB-MA).

Os políticos fazem oposição direta ao governo Bolsonaro. Na pauta da reunião, aponta o colunista da Veja, outros 15 governadores estaduais se apresentarão dispostos a negociar com o governo americano um conjunto de iniciativas que abranjam a preservação ambiental, desde o saneamento público ao que definem como "ativos verdes", que se tratam de biomas encontrados no Sul, Sudeste e também na Amazônia.

Bolsonaro hostilizou Biden

Durante toda a campanha presidencial dos Estados Unidos, Jair Bolsonaro declarava publicamente torcer pela vitória de Donald Trump. O presidente brasileiro ainda hostilizava Biden ao tecer elogios ao então presidente americano. Para além de todos os atritos provocados após comentários ácidos tecidos junto à imprensa, Bolsonaro foi ainda um dos últimos chefes de estado a parabenizar Biden pela vitória nas eleições de 2020.