O tema do desarmamento e da compra de armas é recorrente na sociedade dos Estados Unidos. Entra ano e sai ano, e isso sempre é discutido e pede mobilização daqueles que se preocupam com o manejo e a utilização, principalmente quando se trata de lugares públicos e frequentados por gente comum.

Numa sequência sangrenta de poucos dias, as cidades de Buffalo, situada no estado de Nova York, e de Uvalde, localizada no estado do Texas, viram suas ruas e estabelecimentos manchados de sangue humano.

Com o aumento da quantidade de tiroteios e invasões repentinas, o Instituto Ipsos fez uma pesquisa e divulgou em 25/05 os resultados acerca do que os americanos pensam sobre armas de fogo.

Subindo o tom

O consenso sobre o rigor da circulação de armas é bem alto entre os entrevistados: 84% acham que é preciso levantar os antecedentes criminais do comprador em qualquer situação de negócio envolvendo revólveres, espingardas e seus afins. Para 70%, deveria existir uma lei que preveja o confisco de armas em posse de indivíduos que representem algum tipo de ameaça à sociedade.

A pesquisa perguntou sobre o aumento da idade mínima para se adquirir uma arma: 72% acreditam que a idade deveria subir de 18 para 21 anos.

Já com relação à perspectiva de que o Congresso dos Estados Unidos tome uma posição ou faça alguma iniciativa ligada à restrição do uso de armas, o povo americano é mais cauteloso: apenas 35% creem que o Poder Legislativo tome providências efetivas.

Para 54% dos respondentes, a melhor forma de se defender de um massacre ou de um tiroteio é o porte de uma arma.

Tema levantado mais de uma vez e que gera muita polêmica, 45% das pessoas entrevistadas acreditam que professores e funcionários das escolas devem andar armados.

Mais uma

Outra pesquisa encomendada pela CBS News -YouGov mostra a tendência de que os norte-americanos querem leis ou mecanismos mais rigorosos para conter a violência do tipo que se cometeu em Buffalo e Uvalde.

Pouco mais da metade (54%) prefeririam que a legislação fosse mais dura no tocante à venda de armas de fogo. Outros 30% manifestaram que a lei deve ficar como está.

Fazendo-se uma classificação por simpatia partidária, esta sondagem mostra que 79% dos democratas e 27% dos republicanos são favoráveis ao rigor legal da compra e do uso de armas.

Atualização

Pior saldo de mortos já registrado nos últimos anos, a tragédia de Uvalde (estado do Texas) totaliza 21 mortos. São 19 crianças e 2 adultos alvejados por um atirador de origem latina. Até o momento, não é possível afirmar qual a razão para o ataque à Escola feito no dia 24/05.

Salvador Ramos tinha 18 anos e conseguiu as armas durante seu aniversário de maioridade. Nas redes sociais, ele fez ameaças a crianças. Antes de invadir a escola Robb, Ramos matou sua avó.

Nos Estados Unidos, a Constituição dá pleno direito ao porte de armas, o que suscita discussão entre especialistas, ativistas e algumas alas políticas. Eles pregam a ideia de mais controle ou impedimento para se comprar uma arma, principalmente para os que sofrem de problemas psicológicos ou que já tiveram histórico de violência.

O presidente Joe Biden estava no avião que vinha da Ásia, quando o triste acontecimento de Uvalde virou notícia mundial. No início da noite, ele fez um discurso na Casa Branca, marcado por momentos de emoção e quase lágrimas.

“Estou cansado disso. Por quê? Por que estamos dispostos a viver com essa carnificina? Por que continuamos deixando isso acontecer?” questionou Biden em rede nacional de Televisão.

No próximo dia 11 de junho, a capital Washington receberá um protesto que pede mais restrições ao acesso a armas de fogo. O evento é organizado pelo “March for our Lives”, criado em 2018, em referência ao massacre de 17 mortos em uma escola da Flórida.