O empresário Henrique Constantino, um dos donos da empresa aérea Gol, deu declaração essa semana que pretende entregar em sua delação todas as irregularidades que envolvem a aviação civil brasileira. O empresário, que é acusado de obter um empréstimo ilegal por uma das empresas de sua família, está negociando, segundo ele mesmo, uma delação bomba.
Segundo o empresário, ele dará detalhes dos esquemas criminosos do setor, que envolve, inclusive, ministros e parlamentares. Esse é mais um braço que será aberto da infindável Lava Jato. O jornalista Lauro Jardim, do impresso jornalístico O Globo, afirmou que Henrique Constantino está negociando a delação há alguns meses e, para conseguir abrandar uma possível pena, promete delatar tudo e todos.
A família Constantino é alvo de uma investigação da PF, iniciada no ano passado, que busca detalhes de um esquema de corrupção que envolve a Caixa Econômica Federal e recursos do FGTS.
Entenda o caso
O jornal O Estado de São Paulo apurou em 2016 que Henrique Constantino, herdeiro da GOL Linhas Aéreas, é investigado em dos braços da Operação Lava Jato, por pagamento de propina ao ex-deputado, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). A suspeita recai sobre as empresas Jesus.com, de Cunha e sua esposa, e GDAV, de Danielle Dytz Cunha e Felipe Dytz Cunha, filhos do ex-deputado, que teriam recebido propina do empresário da aviação.
Segundo a Receita Federal, foram identificados quase 5 milhões em depósitos para as duas empresas desde 2012.
A Jesus.com é uma empresa que já se chamou C3 Atividades de Internet e Rádio. Apenas em nome dessa empresa, Cunha mantinha diversos bens, incluindo carros de luxo e obras de arte. Já a GDAV, segundo os registros na junta comercial e confirmado pela Receita, atuaria explorando conteúdo, notícias, portais e provedores na internet.
A Procuradoria da República em Curitiba já pediu investigação com intuito de identificar possíveis repasses de empresas da família Constantino para empresas da família Cunha.
Entretanto, algo já ficou claro para Procuradoria. Dos quase 5 milhões em aporte para as empresas da família Cunha, quase 100% foram originados de empresas do grupo de transporte de Constantino, que, além da Gol, possuem várias empresas de ônibus. Essa informação consta no pedido de prisão de Cunha.