O deputado federal Jair Bolsonaro, conhecido pelas polêmicas que utiliza para obter votos, aprontou mais uma. Desta vez o alvo são os negros e os indígenas. Durante uma palestra no clube Hebraica, no Rio de Janeiro, Bolsonaro falou sobre o quanto ele se incomoda com os quilombos (comunidades de descendentes de escravizados) existentes no Brasil. De acordo com o deputado, os quilombos impedem que o País tenha acesso às suas riquezas naturais. Mas o pior ainda estava por vir: Bolsonaro comparou os negros que vivem nos quilombos a gado, e disse que eles não servem nem para procriar.

Assista:

"O afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas. Não fazem nada! Nem para procriar servem mais. Mas um bilhão de reais por ano gastamos com eles", disse o deputado federal. A arroba é uma unidade de medida utilizada para pesar bovinos e suínos.

A comparação de Bolsonaro ganha relevância histórica, já que na época da escravidão os negros eram tratados como um bem material, como os gados no dia de hoje. Tinham sua liberdade cerceada e recebiam tratamento desumano dos seus "donos". A declaração do congressista revive, portanto, um dos momentos mais vergonhosos da hstória da humanidade.

O clube Hebraica do Rio de Janeiro está sendo alvo de muitas críticas por ter convidado o deputado a palestrar em sua sede, especialmente porque, no mês passado, o Hebraica de São Paulo cancelou a mesma palestra de Jair Bolsonaro após protestos de seus associados.

Não se sabe ainda em que data o vídeo que circula nas redes sociais foi gravado.

Fim das reservas indígenas e quilombolas

No mesmo evento Bolsonaro, que está em campanha para se eleger presidente da República em 2018, fez algumas promessas para o caso de ser eleito. Disse que não pagará mais nenhum centavo à Organizações Não Governamentais e prometeu acabar com as reservas indígenas e quilombolas.

"Esses inúteis vão ter que trabalhar. Não vai ter um centímetro demarcado para reserva indígena ou quilombola. Comecem a ir se acostumando", afirmou. O candidato disse ainda que todos os cidadãos serão obrigados a ter uma arma de fogo dentro de casa.

Reações

Muitas pessoas usaram as redes sociais para protestar contra as declarações do deputado federal.

Um dos comentários mais contundentes partiu da internauta Luciana Lazulli. Na página do Hebraica no Facebook, ela escreveu: "Em nome das famílias dos judeus alemães que tiveram seus bens apreendidos durante a Zweite Weltkrieg, que precisaram recorrer à um exílio forçado para o Brasil e que foram expressamente desprezadas pelas famílias de judeus das castas altas que aqui se estabeleceram com o apoio financeiro da comunidade judaica norte-americana, repudio com todas as minhas forças o apoio desta casa ao fascista Jair Bolsonaro. É vergonhosa esta adesão, mas confesso que não estou muito surpresa. Só espero que o povo saiba reconhecer que nem todo judeu é desprovido de consciência a ponto de apoiar monstros como esse senhor e sua linhagem".