Os votos da Bancada Evangélica foram, na sua maioria, favorável ao arquivamento da denúncia apresentada pelo Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, contra o presidente Michel Temer por corrupção passiva.
A Câmara dos deputados votou, nesta quarta-feira (2), o relatório do deputado Paulo Abi-ackel (PSDB-MG), que venceu os debates na Comissão de Constituição Justiça e Cidadania. Por 264 votos, contra 227 votos a favor, o parecer foi aprovado e o processo contra o Presidente Michel Temer não será encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Em nome de Deus?
O líder da Frente Parlamentar Evangélica, deputado Hidekazu Takayama (PSC-PR), direcionou os demais deputados nessa votação após anunciar seu voto, indicando ser o líder da bancada que representa os evangélicos.
Mas o fato é que ele não estava sozinho, já que dezenas de outros parlamentares da bancada também votaram pelo arquivamento da denúncia. Entre estes que disseram "Sim" ao engavetamento, estão os deputados: Pastor Luciano Braga, Marco Feliciano, Silas Câmara, Ezequiel Teixeira, Victório Galli, Marcelo Aguiar, João Campos, Paulo Freire, Rosangela Gomes, Pastor Eurico, entre outros.
Alguns deputados da bancada, no entanto, seguiram sua própria consciência ou a recomendação de suas siglas e acabaram votando pelo prosseguimento das investigações contra Michel Temer, escolhendo a opção “não”, sendo assim contra o relatório de Abi-ackel, e a favor do relatório original do Deputado Sergio Zveiter (PMDB-RJ) que acabou sendo derrotado na CCJ após manobras serem realizadas pelos partidos da base de Temer, na tentativa de retirar o voto daqueles que se mostravam favoráveis ao prosseguimento da denúncia.
O pastor Sóstenes Cavalcanti, por exemplo, disse posteriormente, que votou para prosseguir com a investigação contra Temer, já que "todos devem ser investigados". Esse também foi o entendimento de outros deputados da Bancada Evangélica que votaram “não”, entre eles destacam-se: Arolde de Oliveira (Sócio da gravadora gospel MK Music), o cantor gospel baiano Irmão Lázaro, Benedita da Silva (ex-governadora do Rio de Janeiro), e Cabo Daciolo, que chegou a estender a Bíblia Sagrada durante seu voto.
Santas emendas
Para barrar o prosseguimento da denúncia e garantir os votos necessários, Temer acabou direcionando bilhões de reais em emendas parlamentares, não só para a bancada evangélica, como para outras de sua base. Essas liberações de dinheiro público ocorreram, segundo o jornal O Globo, até horas antes do início da votação, e nos últimos meses já contabiliza ao todo R$ 4 bilhões de reais, cerca de 64% do previsto para todo o ano de 2017.
Michel Temer conseguiu se sobressair agora, mas a pergunta que fica é como as reformas serão aprovadas com um congresso dividido, e se a força política e "emendatória" do presidente sobreviverá a mais uma possível denúncia da PGR, que ainda não se viu como vencida.