Duas advogadas da cidade de Pelotas, no Rio Grande do Sul, mostraram-se bastante indignadas com a demora do Supremo Tribunal Federal (STF) para julgar um caso de um dos clientes delas. O processo estava nas mãos da ministra Rosa Weber e, mesmo passados 11 anos, nada foi analisado e nem decidido pela mais alta Corte do país. Em um tom de desabafo, as mulheres enviaram uma carta para a ministra com tom de ironia. O homem falecido tinha 80 anos e morreu sem saber qual decisão o Supremo tomaria no seu caso. As informações são da Gaúcha Zero Hora.

As advogadas que enviaram a carta são Lilian Velleda Soares e Maria Emília Valli.

Elas defendiam Celmar Lopes Falcão, que era servidor aposentado da Universidade Federal de Pelotas (UFPel). O cliente delas queria um reajuste em sua aposentadoria, conforme muitos outros servidores iguais a ele também lutavam. Em maio de 2008, o INSS ingressou com um recurso no Supremo, conseguindo congelar o reajuste de aproximadamente 28,8%, e isso teve uma repercussão em todo o país. Os ministros do STF estavam responsáveis pela análise desses casos, e apenas após uma decisão deles é que o órgão do Governo iria restabelecer o reajuste nas aposentadorias. Entretanto, se passaram 11 anos e nada foi resolvido.

A carta

Na carta direcionada à ministra Rosa Weber, as advogadas ironizaram a demora em se buscar uma solução para ajudar esses servidores.

Elas parabenizaram a ministra pela demora. Em seguida, escreveram que as pompas fúnebres que envolveram o senhor falecido não tinham lagostas e nem vinhos finos, pois os impostos são pesados demais. "Parabéns, ministra, pela demora (...) Informamos também que as pompas fúnebres foram singelas, sem as lagostas e os vinhos finos que nossos impostos suportam", escreveram.

Ao falar nas lagostas e nos vinhos finos, as advogadas lembraram da licitação ocorrida no STF para a compra desses produtos caríssimos, no início deste ano. Vale ressaltar que isso foi muito criticado diante da crise que na época estava envolvendo o país.

Segundo informou a revista IstoÉ, a ministra Rosa Weber foi procurada para comentar sobre esta carta, no entanto, ela, até o momento, preferiu não se manifestar.

Entrevista

Em uma entrevista à Rádio Gaúcha, a advogada Lilian Velleda Soares esclareceu o que a levou a enviar a carta para a Corte. De acordo com ela, não é apenas uma crítica para a ministra, mas para o Estado.

Elas enviaram na carta ao STF uma cópia de atestado de óbito do cliente delas para mostrar a morosidade que existe no Supremo.

Segundo Lilian, a manifestação feita está dentro das regras do jogo. Entretanto, ela percebeu que houve também uma publicização em torno disso tudo. Ela enfatiza que quem divulgou e espalhou a atitude delas ao público não foram elas. "Não é o nosso padrão de comportamento buscar publicidade para o nosso trabalho", disse.