Na última quarta-feira (4), a deputada Joice Hasselmann prestou depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito de Fake News. Na ocasião, ela descreveu as ações do grupo conhecido como “gabinete do ódio”, que funciona no Palácio do Planalto.
De acordo com informações fornecidas por Hasselmann, o vereador Carlos Bolsonaro, do Rio de Janeiro, e o deputado Eduardo Bolsonaro, ambos filhos do presidente Jair Bolsonaro, comandam uma rede de assessores encarregada de ataques virtuais, centrados nas redes sociais, contra as pessoas que se opõe à sua família e ao Governo Bolsonaro.
Na ocasião, Joice Hasselmann afirmou que os filhos de Jair Bolsonaro são os “cabeças” da operação.
O presidente da República chegou a ser questionado sobre as afirmações da deputada, antes apoiadora do seu governo. Entretanto, ele afirmou que o “gabinete do ódio” seria uma invenção e que somente “alguns idiotas” acreditam na possibilidade de que essa informação seja verdadeira.
Joice passou a ser alvo de ofensas nas redes sociais e perdeu o seu posto de líder do governo no Congresso Nacional ainda no mês de outubro. Tudo isso aconteceu depois que a deputada decidiu agir contra o governo de Jair Bolsonaro e não apoiar Eduardo na disputa do PSL na Câmara.
O nome “gabinete do ódio” serve para designar o espaço ocupado por assessores que trabalham no terceiro andar do palácio.
O local é bastante próximo daquele em que Bolsonaro despacha.
Estratégia organizada
Ainda durante o seu depoimento, Joice Hasselmann afirmou que o grupo citado possui uma estratégia organizada e bastante definida.
Essa estratégia conta com uma lista de personalidades que devem ser atacadas por serem consideradas “traidoras do governo”.
A partir da lista, são escolhidos os próximos alvos de ataque.
Ainda sobre isso, a deputada afirmou que qualquer pessoa que apresente uma discordância com o governo Bolsonaro pode acabar fazendo parte dessa lista e se torna “inimigo da milícia”.
Hasselmann também relatou que existe um calendário para que as ofensas aconteçam, criado pelo “gabinete do ódio”.
Além de robôs usados nessas ocasiões, alguns parlamentares e assessores contribuem para o funcionamento do grupo, disseminando as mensagens e memes criados para as redes sociais de maneira articulada, de modo que elas acabem viralizando rapidamente.
A deputada ainda descreveu a estratégia. De acordo com Joice, primeiramente o alvo é selecionado a partir da lista. Após a escolha, os robôs e as pessoas responsáveis pelo “gabinete do ódio” entram em ação, de forma que em poucos minutos todas as informações dadas por ele já estejam espalhadas por todo o país.