Nesta última quarta-feira (17), o delegado da Polícia Civil Sérgio Sahione pediu para deixar o seu cargo na Coordenadoria de Recursos e Operações Especiais (Core) da Polícia Civil.
Na última terça-feira (16) ele havia prestado um depoimento ao Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) onde falou que não estava conseguindo nem mesmo dormir direito depois da morte do adolescente João Pedro, que foi assassinado durante uma operação que acontecia em São Gonçalo na Baixada Fluminese.
Há um mês, o menino foi baleado dentro de uma casa, localizada no Complexo do Salgueiro, que fica na cidade de São Gonçalo, no Rio de Janeiro.
A situação aconteceu no momento em que acontecia no local uma operação comandada pela Core, a tropa de elite que faz parte da Polícia Civil.
Sahione ainda declarou no momento que a função que ele tinha na Coordenadoria de Recursos e Operações Especiais (Core) da Polícia Civil "não vale a pena", apontando que era o contrário do que ele pensava a respeito anteriormente.
Delegado lamenta não pedir desculpas ao pai de João
Diante disso, segundo foi relatado por Sahione, a situação atual na coordenadoria é ruim. Ele deu detalhes a respeito da divisão de elite que faz parte da Polícia Civil, onde destacou que conta com quatro veículos blindados, mas apenas dois destes estavam funcionando na noite do dia 18 de maio, quando o grupo deu apoio para a Polícia Federal na operação que aconteceu no Complexo do Salgueiro e acabou vitimando o menino João Pedro.
A respeito dos veículos pertencentes à coordenadoria, o delegado ainda apontou que um deles não estava segurando os disparos que eram feitos por fuzis de calibre 5,56 ou 7,62.
Após o depoimento do delegado para o Ministério Público, Sahione pediu para deixar o cargo na Core. Quem irá assumir agora o cargo deixado pelo delegado em questão será o delegado Fabrício Oliveira.
Ao longo do depoimento que foi dado, o ex-chefe da Core também aproveitou para lamentar não ter pedido desculpas para Neilton da Costa Pinto, pai do menino João Pedro, morto na operação.
Na declaração, ele diz que se arrepende da noite em que os fatos aconteceram e lamenta que, ao ver o pai de João Pedro na DH, não ter se dirigido até o homem para confortá-lo e pedir desculpas pela situação.
"Não ter se dirigido a ele [pai] para confortá-lo ou pedir desculpas, independentemente da reação dele", disse o delegado.
Sahione ainda declarou no depoimento que não foi treinado para este tipo de situação, mas que não esteve em momento algum alheio a dor sofrida pelo pai do menor.
Sérgio Sahione declarou ainda que o delegado Allan Duarte, que é titular da Delegacia de Homicídios de Niterói e São Gonçalo, estava no Complexo do Salgueiro na noite em que aconteceu a operação em questão que acabou vitimando João Pedro, de 14 anos. Duarte é o responsável agora por coordenar a investigação a respeito da morte do jovem durante a operação.