Nenhum representante do movimento negro no Brasil foi recebido por Sérgio Camargo, atual Presidente da Fundação Cultural Palmares, segundo coluna de Guilherme Amado, da revista Época.

A Fundação Cultural Palmares é o órgão responsável pela certificação de quilombos, que fomenta a cultura afro-brasileira. O objetivo da fundação é preservar os valores culturais, sociais e ecônomicos, decorrentes da influência negra, na sociedade Brasileira.

A fundação foi criada há 31 anos, graças à luta do movimento negro.

Sérgio Camargo

Sérgio Camargo ocupa atualmente o cargo de presidente da Fundação Palmares.

Camargo foi indicado pelo presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido).

Segundo informações da revista Época, nenhum representante do movimento negro foi recebido por Camargo desde a posse em março deste ano.

Segundo a coluna de Guilherme Amado, deputados e representantes de outras instituições, assim como representantes de grandes empresas, já foram recebidos por ele.

Contudo, as instituições que Camargo deveria representar, como líderes quilombolas e estudiosos da questão racial, não foram ouvidas em momento nenhum, nem mesmo convocadas a qualquer tipo de reunião.

Polêmicas

Sérgio Camargo se envolveu em diversas polêmicas desde que assumiu o posto. Além de não se reunir com pessoas relacionadas ao movimento negro, ele os chamou de "conjunto de escravos ideológicos de esquerda".

Em um áudio vazado, referiu-se à classe como escória maldita. Em outra situação, ele afirmou que não existe racismo no Brasil.

Camargo afirma que a Fundação não é propriedade do movimento negro e que ela pertence ao povo brasileiro.

Um selo antirracista chegou a ser criado pela instituição a mando de Camargo. O selo seria voltado a pessoas "injustiçadas", tachadas de racista pela "esquerda vitimista".

Alguns artistas famosos do movimento negro já foram criticados por Camargo, entre eles Taís Araújo e Lázaro Ramos.

Denúncia

No dia 15 deste mês, o jornal Folha de S.Paulo revelou que a Fundação Palmares havia retirado do site artigos que contavam a história de vida de mulheres e homens negros, entre eles a escritora Carolina de Jesus e Zumbi Dos Palmares.

Artigos sobre esportistas negros em destaque no país também teriam sido excluídos.

A denúncia foi recebida pela Procuradoria do Distrito Federal, que avaliou as práticas como desmoralização à importância de personagens históricos, envolvidos na luta do movimento negro.

Segundo o procurador federal Carlos Alberto Vilhena, as finalidades da instituição são claras, e que atos praticados pelos representantes da fundação, contrariando os objetivos da entidade, devem ser investigados pelos poderes constituídos.