A revista britânica The Economist publicou na última quinta-feira (11) uma matéria analisando a possibilidade de uma ruptura democrática no Brasil. O título da matéria já chama atenção por si só: “Jair Bolsonaro ameaça a democracia?”.

Assinado pelo jornalista Michael Reid, o texto inicia falando a respeito das manifestações que estão ocorrendo em São Paulo e Brasília, onde os apoiadores do presidente Bolsonaro pedem a reabertura da economia e o fechamento do STF e do Congresso.

Reid cita a ida de Bolsonaro às manifestações

O colunista também falou a respeito de alguns apoiadores que foram às manifestações e pediram o retorno do regime militar e o fato de que alguns bolsonaristas foram armados, citando que o próprio Bolsonaro vai às manifestações.

Reid fala a respeito do presidente dar abraços e apertos de mãos, indo totalmente contra as indicações dos profissionais de saúde, além de que, tanto o presidente quanto a maioria dos manifestantes não usavam máscaras.

Em seguida, ele cita que muitos brasileiros sentem uma “ameaça” à democracia, apesar de que outras pessoas afirmam que as instituições do país não deixariam isto acontecer. Além disso, apesar de Bolsonaro ter “lotado” o governo com oficiais militares, "eles são vistos como tendo uma influência moderadora". Reid fala das manifestações novamente, afirmando que são pequenas (isto é, uma minoria que não influencia tanto o poder popular), e citou também a fala de Bolsonaro quanto ao suposto tempo de "vilania" acabar e ser tempo do povo estar no poder.

O colunista comenta a respeito do vice-presidente, Hamilton Mourão, que também já fez ameaças veladas ao STF, ao Congresso e à própria mídia. Ele relembrou um fato que ocorreu mês passado, onde Celso de Mello (ministro do Supremo Tribunal Federal) teve suas mensagens vazadas. Nas mensagens, ele fala sobre a democracia estar sob ameaça, chegando a comparar nossa situação com a República de Weimar (que foi derrubada por Hitler).

Reid também recorda o comentário de Oscar Vilhena Vieira, diretor da faculdade de direito da Fundação Getúlio Vargas, de que Bolsonaro está tentando estimular grupos violentos, além de um conflito institucional.

Bolsonaro x Democracia

O colunista afirma que Bolsonaro nunca "mostrou muito respeito pela democracia" e que agora a situação está pior, pois o STF iniciou investigações que envolvem seu nome (por conta da demissão do comandante da Polícia Federal), e também por conta de apoiadores que fazem ameaças e insultos a membros do Supremo Tribunal Federal (incluindo os próprios filhos do presidente).

Michael Reid afirmou que atualmente Jair Bolsonaro já perdeu grande apoio popular devido à pandemia e suas ações como negar o distanciamento social, que, como resultado, faz o país ser o segundo em número de mortes no mundo.

No texto, mais uma vez ele cita a quantidade de militares que há no governo, onde 10 dos 22 ministros são militares, além disso, há mais de três mil militares que ocupam cargos no governo. Segundo Reid, há quatro generais com cargos no governo, e eles deêm mais poder que o próprio comandante das Forças Armadas, seu superior.

Bolsonaro conseguiria realizar um novo 'golpe militar'?

Em todo o texto, Michael Reid escreveu questionamentos sobre a democracia estar ameaçada com o atual presidente, porém, afirma que Bolsonaro não é forte o suficiente para conseguir realizar um golpe.

Um dos motivos seria ele ir contra a maioria dos governadores, causando um distanciamento.

Um possível impeachment de Bolsonaro também é questionado no texto, que diz que Mourão o sucederia, trazendo o Exército ainda mais para perto do poder.

Por fim, ele falou que Bolsonaro"nomeou um procurador-geral mais simpático a ele" e que tem influência nas polícias estaduais e federal, tendo recentemente “silenciado” o governador do Rio de Janeiro, crítico de Bolsonaro.