Nesta quinta-feira (24), o epidemiologista Pedro Hallal participou da CPI da Covid como convidado e falou sobre o que pensa acerca da condução do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) diante da pandemia no Brasil.

Segundo o epidemiologista, do ponto de vista da ciência, a postura do presidente da República com relação ao combate ao coronavírus "é a pior de todas". Hallal destacou que os parlamentares conseguem defender ações de combate ao coronavírus em diversas oportunidades, entretanto, as atitudes erradas de Bolsonaro, como o não uso de máscaras e aglomerações, não podem ser evitadas pelos parlamentares.

Especialista aponta erros de Bolsonaro

Para o especialista, Bolsonaro errou em muitas ações durante este período. Hallal também afirmou que o principal causador de atitudes erradas na pandemia foi o chefe do Executivo federal. Segundo o professor, os ministros que passaram pelo comando da pasta da Saúde no governo Bolsonaro cometeram algumas falhas, porém, segundo ele, quem mais errou foi o presidente.

O especialista acredita que os sinais de negacionismo da Covid-19 foram dados pelo mandatário, e não pelos quatro ministros que já passaram pela pasta da Saúde.

Médica defende liberdade de expressão

Concordando com o posicionamento de Hallal, Jurema Werneck, médica e diretora da Anistia Internacional, saiu em defesa da liberdade de expressão de médicos, cientistas e especialistas opinarem e discordarem do governo federal sem que sofram silenciamento.

Ela disse que é necessário algum mecanismo para repreender atitude de silenciamento de profissionais que pensam diferente do governo federal.

A médica disse isso após Hallal afirmar que sofreu censura por parte do Ministério da Saúde durante uma de suas apresentações. Na ocasião ele falava sobre dados que mostram que negros e indígenas têm mais chance de contrair Covid e morrerem do que pessoas brancas.

O especialista disse que a apresentação dos dados aconteceu no Palácio do Planalto, durante uma coletiva de imprensa. Entretanto, ele destacou que o material foi alterado pelo Ministério da Saúde porque, segundo ele, os assessores não queriam que os dados do painel de monitoramento intitulado EPICOVID viessem à tona.

O professor disse que Elcio Franco, ex-secretario-executivo do Ministério da Saúde, foi quem pediu para ele remover o slide que continha o material sobre o estudo sobre a desigualdade étnico-racial, pois ele teria dito que isto não poderia ser exibido no Palácio do Planalto.

Médica diz que liderança deveria ser exemplo

A médica Jurema Werneck criticou o presidente por pedir para que uma menina de 10 anos retirasse a máscara em evento que aconteceu no Rio Grande do Norte nesta quinta-feira. Segundo a médica, as lideranças devem ser exemplos para os demais.