Nesta segunda-feira (28), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), afirmou que não tem como saber de tudo o que acontece nos seus 22 ministérios e ressaltou que desconhece os detalhes contidos no contrato de compra referente à vacina Covaxin, da Índia, feito pelo Ministério da Saúde e a Farmacêutica Bharat Biotech, por meio da intermediação da Precisa Medicamentos. Bolsonaro também afirma acreditar que não há irregularidades no negócio.

Bolsonaro ignorou alerta de irregularidade, diz deputado

O deputado federal Luis Miranda (DEM-DF) afirmou que Bolsonaro ignorou os alertas sobre as supostas irregularidades na aquisição do imunizante indiano.

Os alertas dizem respeito a um possível superfaturamento e favorecimento indevido à Precisa Medicamentos, responsável por intermediar a compra.

O autor da denúncia é Luis Ricardo Miranda, chefe de importação do Departamento de Logística do Ministério da Saúde. Ele é irmão do deputado federal Luis Miranda. O servidor informou que Bolsonaro ficou sabendo o que estava acontecendo desde 20 de março deste ano, quando levou pessoalmente o alerta ao presidente.

Em depoimento à CPI da Covid no Senado, na última sexta-feira (25), Luis Ricardo afirmou ter entregado a Bolsonaro três nomes que, segundo o servidor de carreira da pasta, o pressionaram a efetuar a importação da indiana Covaxin.

Bolsonaro admite visita de Miranda, mas nega compra da vacina Covaxin

O presidente admitiu ter recebido a visita do parlamentar Luis Miranda, mas alegou que nenhuma vacina foi de fato comprada.

Contra-atacando a CPI, o presidente informou que foram os integrantes da comissão que liberaram os recursos por meio de emendas parlamentares.

Ele afirmou que as emendas para a compra da Covaxin foram dos senadores Randolfe Rodrigues (Rede-AP), Renan Calheiros (MDB-AL) e Omar Aziz (PSD-AM), respectivamente, vice-presidente, relator e presidente da comissão. "Na época, falaram que tinha que comprar em qualquer momento, independente do preço", continuou.

Caso Covaxin: há 'indícios de interesses escusos', diz Tasso

Para o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), as revelações de prováveis ilegalidades no contrato para compras da vacina do laboratório Bharat Biotech levantam "indícios de interesses escusos". A decisão do Governo de privilegiar o imunizante da Índia em detrimento de outras opções mais baratas, a exemplo da Pfizer, pode culminar na perda de milhares de vida, segundo o parlamentar.

Tasso Jereissati, que é membro titular da CPI da Covid, em uma entrevista à BBC News Brasil, defendeu a execução de uma "investigação muito profunda" para revelar se de fato houve crime de corrupção.

O parlamentar afirmou que votaria por um impeachment se nessa história da Covaxin se chegasse à conclusão de que houve interesse escuso, de modo que, simplesmente tenha negado à população brasileira uma vacina, por exemplo, a Pfizer.

Oposição articula citar caso Covaxin no 'pedidão' de impeachment

A oposição suprapartidária avalia citar o caso Covaxin no texto do superpedido de impeachment contra Jair Bolsonaro ou elaborar uma proposta específica sobre as suspeitas de irregularidade no Ministério da Saúde.

Os protestos contra Bolsonaro que estavam marcados para o fim de julho podem ser antecipados, segundo discussão entre partidos políticos opositores do governo e movimentos sociais.