Guilherme Boulos (PSOL) foi entrevistado nesta sexta-feira (4) no programa "Manhã Clube", da Rádio Jornal de Petrolina, de Pernambuco. O político está no Nordeste, onde cumpre agente política.

Polarização

No início da conversa, Boulos opinou a respeito das diferenças políticas que parecem ter se acentuado nos últimos anos. O político fez uma análise, remetendo há um passado mais distante.

"Tenho muito ouvido, e esse debate tem acontecido em todos os cantos do Brasil, essa ideia de que o país está polarizado. Eu acho que a gente precisa qualificar bem essa polarização. A rigor, o Brasil é polarizado há 500 anos. Um país com o tamanho da desigualdade que a gente tem, com o abismo social que tem, com um nível de violência que existe na sociedade, não dá para esperar que essa polarização não se expresse também no debate político, porque é na política que se discutem os projetos, inclusive de saída e de superação da situação que a gente vive. Agora, muito embora a polarização de projetos ela exista, e não é de hoje, ela existe há muito tempo, ela reflete uma condição social", analisou.

Bolsonarismo

Segundo Guilherme Boulos, o modo de fazer política do grupo que elegeu o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), é tóxico. "O que tem acontecido, e isso eu acho muito ruim para um debate público, isso rebaixa o debate público no Brasil, é quando as posições opostas se transformam em intolerância. Elas se transformam em incapacidade de diálogo, na renúncia de buscar qualquer tipo de convergência. Isso é péssimo para o país. Isso nas eleições de 2018 foi muito marcante, sobretudo com a candidatura de Jair Bolsonaro", reclamou.

De acordo com o político do PSOL, as ideias diferentes não podem ser levadas ao extremo. "Essa coisa odiosa de tratar o adversário como inimigo, que tem que ser eliminado, e é o jeito que se tem feito política no Brasil nos últimos anos, sobretudo puxado por esse movimento do bolsonarismo.

Eu espero, francamente, que com as lições que a gente aprendeu nos últimos anos, com esses cenários de crises que o Brasil está vivendo, que são várias. Nós estamos vivendo uma confluência de crises: crise sanitária, crise econômica, crise política. Que a gente busque um caminho em que as diferenças políticas possam ser tratadas sem intolerância e sem ódio", pediu.

Boulos completa seu raciocínio pedindo a diminuição da desigualdade social no país. "A polarização de posições opostas eu acredito que ela vá ocorrer enquanto o Brasil for uma sociedade tão dividida como é hoje. Ser um país que está entre as dez maiores economias do mundo, mas está ao mesmo tempo entre os dez mais desiguais. Ser um país que é um dos maiores produtores de alimentos do mundo e tem dezenove milhões de pessoas com fome. Enquanto tiver isso, vai ter polarização no Brasil", afirmou.