O presidente da CPI (comissão parlamentar de inquérito) da Covid, senador Ormar Aziz (PSD-AM), abriu a sessão dessa terça-feira (10) com um discurso em que fez duras críticas ao desfile militar organizado pela Marinha para fazer a entrega de um convite ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido). O senador disse em seu discurso que essa cena é “patética” e ainda coloca em evidência o que chamou de “fraqueza” do presidente. Outros senadores seguiram a mesma linha de críticas ao ato militar.

O convite da Marinha que foi entregue para Bolsonaro seria para um exercício militar na região de Formosa, município que fica em Goiás.

Esse exercício acontece todo ano desde 1988. Embora o convite seja comum, o que não é comum é a Marinha passar com mais de 30 carros militares na frente do Palácio do Planalto, bem ao lado do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal, como aconteceu na manhã dessa terça-feira.

O ato militar aconteceu no mesmo dia em que a Câmara vota em seu plenário a PEC do voto impresso, uma pauta defendida por Bolsonaro e seus aliados. Essa proposta já havia sido derrotada na comissão especial da Casa e a expectativa é que ela seja rejeitada também no plenário. Alguns deputados federais classificaram o desfile militares como uma tentativa de intimidação antes da votação.

O senador amazonense disse que Bolsonaro deve imaginar que tudo isso deve demonstrar uma força, porém, evidencia toda a sua fraqueza de um chefe do Executivo acuado pelas investigações de corrupção.

Ainda, Aziz disse que todo homem que é público, além de cumprir as funções que lhe cabem dentro da Constituição, deve ter medo do "ridículo". "Mas Bolsonaro não liga para nenhum desses limites, como fica claro nessa cena patética de hoje, que mostra apenas uma ameaça de um fraco que sabe que perdeu", disse o chefe da CPI da Covid.

Aziz faz questão de ressaltar que as instituições do Brasil, entre elas o Congresso Nacional, não vão permitir que se rompa a democracia. "Não haverá voto impresso, não haverá nenhum tipo de golpe contra a nossa democracia —as instituições, com o Congresso à frente, não deixarão que isso aconteça. (...) Agressões à Constituição não são legítimas.

Defender golpe não é aceitável. E defender o fim da democracia precisa ser punido com o rigor da lei", disse. "A democracia tem instrumentos para defender a própria democracia contra arroubos golpistas", continuou.

Operação Formosa

O desfile dessa terça-feira faz parte de um evento que acontece em todos os anos, intitulado Operação Formosa, mas esta é a primeira vez que veículos militares passam em frente ao Palácio do Planalto e são festejados pelo presidente da República. Esta também seria a primeira vez que o Exército e a Aeronáutica participam da cerimônia. A Operação Formosa consiste em um deslocamento que começa no Rio de Janeiro e termina no Campo de Instrução de Formosa, que fica em Goiás. A área de cerrado pertence ao Exército, mas é cedida à Marinha por ser a única em que é possível fazer o treinamento com munição de verdade.