O jornal americano The Washington Post definiu como "provocantemente constrangedor" o discurso do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na 76ª sessão da Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas), na última terça-feira (21).

Imprensa internacional

Causou estranhamento na imprensa estrangeira que um líder de uma nação democrática tenha comparecido ao evento sem ter sido vacinado contra o coronavírus e ainda ter estimulado um sentimento antivacinação, e que este líder ainda tenha sido quem fez o discurso de abertura do encontro, que tem como um dos principais temas a resposta global à pandemia.

Não passou despercebido para o jornal The New York Times a defesa que o mandatário brasileiro fez de remédios que a ciência comprovou que não têm eficácia contra a Covid-19 e a tentativa de Bolsonaro de se defender das críticas que tem recebido.

O periódico britânico The Guardian por sua vez, destacou que Jair Bolsonaro, além de defender o chamado "tratamento precoce", também criticou o "passaporte de vacinação".

O The Guardian chamou o presidente brasileiro de "figura controvertida" ao destacar que o ocupante do Palácio da Alvorada ao longo da pandemia minimizou os efeitos do Sars-Cov-2 e se recusa a ser vacinado.

O jornal britânico foi um dos poucos veículos de comunicação internacional que destacou que Bolsonaro anunciou a realização do leilão da tecnologia 5G e a intenção do Brasil de dar visto a afegãos cristãos.

O The Guardian também comentou a declaração de Bolsonaro de que antes de seu Governo o Brasil estava "à beira do socialismo".

Bloomberg

A agência Bloomberg, que é direcionada a um público de investidores, destacou que Jair Bolsonaro tentou melhorar sua imagem, em meio às críticas que tem recebido sobre sua gestão da pandemia e também sobre sua política ambiental.

A agência também lembrou que a popularidade do mandatário da América do Sul enfrenta uma mínima histórica e que o governo federal está enfrentando as investigações de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) no Senado, cujo objetivo é apurar ações e eventuais omissões do governo federal na gestão da pandemia do coronavírus.

A Bloomberg também falou sobre as críticas que Bolsonaro sofreu de Bill de Blasio, prefeito de New York, por ter ido à cidade americana sem ter se vacinado.

Corrupção

Bolsonaro declarou na ONU que o Brasil mudou na sua gestão, pois em seu governo não haveria corrupção.

Apesar da fala de Bolsonaro, autoridades acharam indícios de corrupção no caso do contrato para a aquisição do imunizante Covaxin. Diante das suspeitas de ilegalidade, o governo federal cancelou a compra da vacina.