Nesta terça-feira (21), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) participou da 76ª sessão da Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas), quando realizou um discurso de aproximadamente 13 minutos. Durante sua fala, o presidente disse algumas mentiras e também fez omissões e distorções.
Distorções
Durante a pandemia de coronavírus, medidas restritivas foram tomadas por um curto período na tentativa de conter a expansão da pandemia e evitar a superlotação de hospitais. No discurso, Bolsonaro afirmou que cidadãos foram obrigados a ficar em casa.
Sobre a energia, Bolsonaro afirmou que 83% da energia no Brasil é gerada por fontes renováveis, quando, na realidade, as fontes renováveis correspondem a apenas 48,4%.
Apesar do crescimento constante agropecuário em regiões de vegetação nativa derrubada, Bolsonaro disse que 66% do território brasileiro é composto por vegetação nativa intocável desde o descobrimento. Na mesma linha, o presidente afirmou que 84% da Amazônia está intacta, sendo que já houve uma perda de 19% de sua área original.
A agricultura também foi mencionada no discurso com informações distorcidas. De acordo com o presidente, apenas 8% da área nacional é utilizada para a agricultura, quando, na verdade, já são 27%. Ele afirmou ainda que a população mundial é alimentada pela agricultura do país, fato este equivocado, pois, apesar de a Embrapa calcular que o Brasil é responsável por 10% da produção mundial de trigo, soja, milho, arroz e cevada, isso não significa que o valor seja capaz de alimentar 10% da população mundial (cerca 800 milhões de pessoas).
Corrupção
Apesar das investigações voltadas a contratos realizados pelo Ministério da Saúde sugerindo possível corrupção e irregularidades em compras de vacinas, Bolsonaro afirmou que a corrupção no país acabou e que estamos há 2 anos e 8 meses sem nenhum caso concreto.
Mentiras
Além dos dados distorcidos apresentados pelo presidente, mentiras também foram proferidas durante seu discurso.
Com a inflação em alta devido a fatores diversos como a crise hídrica, alta do dólar, nova política de preços da Petrobras, ondas de frio intenso e alterações em logísticas comerciais em escala mundial, o presidente culpou o lockdown pela alta dos preços no país.
O chamado "tratamento precoce", que inclui medicamentos como a cloroquina, também voltou a ser tema de Bolsonaro, mesmo com a droga sendo comprovadamente ineficaz no tratamento da Covid-19.
Sobre os investimentos em relação à pandemia, Bolsonaro alegou que seu Governo gastou R$ 211 bilhões para a manutenção de renda e emprego, no entanto, os gastos correspondem a mais ou menos R$ 40 bilhões. Somando os valores gastos em 2020 e 2021, as despesas chegam a R$ 190,7 bilhões.
Órgãos ambientais
Na ONU, Bolsonaro afirmou que os recursos para o fortalecimento dos órgãos ambientais foram dobrados em seu governo. Essa afirmação é completamente falsa, pois o aumento do orçamento para o ICMBio e o Ibama está previsto apenas para o ano de 2022.
Na tentativa de fortalecer o seu mandato, Bolsonaro afirmou que no dia de 7 setembro, onde ocorreram as manifestações pró-governo, milhões de brasileiros foram as ruas em sua defesa. Apesar da empolgação do presidente nos números declarados, a estimativa é que o ato na avenida Paulista, em São Paulo, por exemplo, reuniu cerca de 125 mil apoiadores.