O presidente Jair Bolsonaro [VIDEO] (PL) declarou em uma entrevista a um canal do YouTube que ameaçou transferir um médico militar que não quis receitar hidroxicloroquina para o mandatário na época em que Bolsonaro apresentava sintomas da Covid-19. No mês de julho de 2020, Bolsonaro anunciou que estava infectado pelo coronavírus. De acordo com o que disse na época, o líder do Executivo tomou hidroxicloroquina, o remédio que ele acredita que serve para o tratamento da Covid-19, mesmo que já tenha sido comprovado que o medicamento não surte efeito contra a doença.

O presidente da República informou a inusitada situação na conversa que teve com apoiadores, que foi exibida em um canal no YouTube. Ainda que a informação tenha sido divulgada na terça-feira (28), a conversa de Bolsonaro com o canal, na verdade, foi gravada no dia 24 de maio, como consta na agenda oficial.

Quando teve Covid-19, Jair Bolsonaro disse que chegou a ter uma febre de 38 graus e também afirmou que sentiu cansaço e mal-estar. Na época mais crítica da pandemia, o ocupante do Palácio da Alvorada defendeu não apenas a hidroxicloroquina, mas também outros medicamentos igualmente ineficazes contra a enfermidade.

Vacinas

A luta do presidente contra a ciência foi além e ele também declarou guerra às vacinas contra a Covid-19, incluindo até a vacinação infantil.

Bolsonaro dizia regularmente que a vacina não possui eficácia. Nem mesmo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) escapou dos ataques do presidente. A respeitada organização aprovou a vacinação infantil contra a Covid-19, Bolsonaro então classificou os defensores da vacinação de "tarados por vacinas".

YouTube

O YouTube retirou da plataforma vídeos do canal do presidente por ele ter violado a regra que proíbe que sejam recomendadas a cloroquina e a ivermectina contra o novo coronavírus, visto que estes remédios não são eficazes contra a Covid.

Pelo menos 10 vídeos retirados do ar tinham menções à cloroquina, mostrou o levantamento da Novelo Data, empresa de análise de dados. A retirada dos vídeos sobre o tema teve início depois de uma atualização da política de uso do site de vídeos.

Além de duvidar da eficácia dos imunizantes e disseminar fake news sobre as vacinas, Bolsonaro disse em diversas ocasiões que não iria se vacinar.

De acordo com o presidente, ele obteve anticorpos quando foi infectado pela Covid-19. Ainda assim em janeiro do ano passado, o Planalto decretou sigilo de 100 anos sobre o cartão de vacinação do presidente. A medida foi tomada respondendo à solicitação feita tendo como base a Lei de Acesso à Informação (LAI), pelo jornal “O Globo” sobre informações de imunizantes aplicadas no presidente Bolsonaro.