O ex-ministro da Educação Milton Ribeiro foi preso pela Polícia Federal (PF) na manhã desta quarta-feira (22) sob suspeita de cometer crimes de Corrupção passiva, advocacia administrativa, tráfico de influência e prevaricação. Segundo avaliação de aliados de Bolsonaro ouvidos pelo jornal Folha de S.Paulo, a campanha de reeleição do presidente deve sofrer um forte impacto negativo com a notícia.

Campanha de Bolsonaro enfrenta pior momento, dizem aliados

Aliados do presidente acreditam que a prisão tende a abalar ainda mais a popularidade de Bolsonaro, que já aparece atrás de Lula, ou seja, em segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto para as eleições presidenciais de 2022.

Apreensivos com a alta dos combustíveis anunciada na semana passada pela Petrobras, aliados do presidente dizem que o episódio desta quarta é um "verdadeiro desastre" para um dos pilares da campanha de Bolsonaro, o discurso anticorrupção.

No escândalo do balcão de negócios do ministério também estão envolvidos os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura (que não possuem cargos no Governo), suspeitos de negociar com prefeitos a liberação de verbas em troca de propina.

Ribeiro alega que agiu a pedido de Bolsonaro

Em gravação divulgada pelo jornal Folha de S. Paulo no último mês de março, o então ministro Milton Ribeiro afirma que atende a uma solicitação do presidente Bolsonaro e menciona pedidos de apoio que seriam supostamente direcionados para construção de igrejas.

O esquema citado pelo ministro da Educação busca priorizar solicitações dos amigos de um dos pastores envolvidos, que segundo Ribeiro atende a um pedido do presidente Jair Bolsonaro. Assim, a linha da campanha em defesa do mandatário da República é de que a apuração ainda não evidencia nenhuma delação, por exemplo, de ex-ministros dos governos petistas, que chegaram a incriminar Lula por atos de corrupção.

Os recursos negociados são do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), órgão ligado ao MEC e controlado por políticos que fazem parte do centrão. Esse bloco político vem dando sustentação ao governo Bolsonaro desde que houve ameaças de impeachment. O apoio ao presidente foi dado em troca de repasses de verbas (recursos destinados aos municípios) e cargos.

De acordo com dados da Folha, a oposição tende a se aproveitar do episódio para apontar novas contradições no discurso do presidente Bolsonaro que afirmava não haver atos ilícitos em sua gestão.

FNDE é o órgão mais visado pelos políticos, diz presidente da Fineduca

Segundo o presidente da Associação Nacional de Pesquisa em Financiamento da Educação (Fineduca), o FNDE é o órgão mais visado do MEC, pois possui uma flexibilidade maior para fazer política com deputados, prefeitos e governadores. Para Ursula Peres, professora da EACH/USP e especialista em finanças públicas. dos três tipos de direcionamento de verba pelo FNDE (Constitucionais, Legais e Voluntários), o terceiro é o mais flexível, pois é onde são feito convênios para liberação de verbas solicitadas, mas que não possui definição prévia de valores, por exemplo, o PAR (Plano de Ações Articuladas).

Nesta quarta-feira (22), aliados do ex-presidente Lula reforçaram a ideia de abrir uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o Ministério da Educação (MEC).