Viralizou na última quarta-feira (5) um vídeo em que o presidente da República e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL), disse que quase comeu um índio em Surucucu, Roraima, certa vez. No vídeo, ele diz, dentre outras coisas: “Eu vou te falar o que é comer um índio”. Então ele iniciou o relato de sua estranha aventura. Bolsonaro alegou que quando morreu um indígena na aldeia que ele visitou, os outros integrantes da tribo cozinharam o indígena falecido e que isto é algo da cultura dos indígenas. “Cozinha por três dias e come com banana”, alegou Bolsonaro.

O mandatário continuou seu relato e disse que queria assistir o indígena ser cozinhado, então alguém lhe disse que se ele fosse ver, teria que comer também. Sem titubear, Bolsonaro respondeu que comeria. A comitiva que o acompanhava, no entanto, não quis embarcar no ato antropofágico, e como não queriam levá-lo sozinho ao local onde o indígena estava sendo preparado para ser comido, ele não foi. Jair Bolsonaro declarou ainda que isto faz parte da cultura dos povos indígenas e que ele comeria o indígena sem problemas.

Verdades e mentiras

O vídeo não se trata de fake news, ele está disponível no canal oficial do próprio líder do Executivo no YouTube desde o dia 24 de março de 2016. A entrevista foi concedida ao jornalista Simon Romero, do New York Times.

Depois de um suposto caso de canibalismo no Amazonas ocorrido em 2009, a Funai (Fundação Nacional do Índio) descartou esta possibilidade e negou que haja no Brasil comunidades indígenas praticantes da antropofagia. O órgão nega veementemente que isto ainda aconteça no Brasil. De acordo com a Funai, a única informação sobre este costume foi registrada no período colonial.

Além desta informação chocante, Bolsonaro foi além e fez declarações xenófobas contra mulheres haitianas. O presidente declarou que somente não teve relações sexuais com uma mulher haitiana por ela não ter higiene e por que ele não precisava. Bolsonaro foi alvo de sérias críticas entre os usuários das redes sociais.

Maçonaria

Os internautas também resgataram vídeos antigos que colocam o mandatário, e seus aliados, em situações que destoam do discurso do bolsonarismo. Um exemplo disto são os recentes vídeos que voltaram a circular nas redes sociais que mostram aliados de Bolsonaro em eventos realizados na maçonaria.

Casamento

Viralizaram vídeos do casamento da deputada federal bolsonarista Carla Zambelli (PL-SP), que foi realizado em uma loja maçônica. No evento estavam presentes a primeira-dama Michelle Bolsonaro e também o ex-ministro da Justiça Sergio Moro. O ex-juiz da operação Lava Jato se tornou posteriormente um desafeto do atual líder do Executivo, mas recentemente Moro e Bolsonaro voltaram a ser aliados.

Também surgiram imagens do vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos) em uma reunião da maçonaria.

A maçonaria é uma sociedade secreta que não é vista com bons olhos pela Igreja Católica. Entre a maior parte dos evangélicos, a maçonaria é vista como uma organização satanista. Os evangélicos são uma das maiores bases de apoio do presidente Jair Bolsonaro.

Aborto

Também na quarta-feira, foi recuperada por internautas uma entrevista na qual Jair Bolsonaro sai em defesa do aborto. Ele afirmou na entrevista que o procedimento tem que ser “uma decisão do casal”. Na entrevista, o então deputado federal Jair Bolsonaro contou que já havia passado por uma experiência relacionada ao assunto. Ele relatou que era favorável ao aborto no caso da gravidez do mais novo de seus filhos homens, Jair Renan.

Mas foi a mãe de Jair Renan, Ana Cristina Valle, que optou por manter a gravidez. A entrevista foi publicada na revista IstoÉ Gente, no ano 2000. Nos dias atuais, a proibição do aborto é um dos temas mais importantes na campanha eleitoral de Jair Bolsonaro.