O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) fez um discurso transfóbico na Câmara dos Deputados nesta quarta-feira (8), data em que se comemora o Dia Internacional da Mulher. Vale ressaltar que transfobia é crime e pode dar até três anos de prisão.

'Nicole'

O deputado por Minas Gerais foi à tribuna da Câmara e colocou uma peruca loira. Ferreira disse então que estava se sentindo uma mulher, que era a deputada "Nicole" e por isso tinha lugar de fala. Em sua fala, o parlamentar argumentou que as mulheres estariam "perdendo o seu espaço para homens que se sentem mulheres".

Na opinião do apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), estão querendo impor “uma realidade que não é a realidade”.

Ele continuou seu discurso garantindo que não estava apenas defendendo suas convicções, e sim o direito de um pai não aceitar que “um marmanjo de dois metros” entre em um banheiro feminino sem que seja considerado transfóbico. Nikolas retirou a peruca e em tom de deboche declarou que é gênero fluido.

"Eu posso ir para a cadeia caso seja condenado por transfobia, porque eu, no Dia Internacional das Mulheres, há dois anos, parabenizei as ‘mulheres XX’. Ou você concorda com o que estão dizendo ou, caso contrário, você é um transfóbico, um preconceituoso", prosseguiu o deputado em seu discurso.

O deputado também atacou as feministas ao garantir que as mulheres não devem nada ao feminismo e que o movimento que luta pela igualdade entre gêneros não teria feito nada pelas mulheres. Ele encerrou seu discurso com uma declaração machista ao fazer elogios para as mulheres que possuem filhos e formam uma família. Nikolas recebeu aplausos.

Transfobia

O político já responde na Justiça pelo crime de transfobia. Desde fevereiro de 2023 ele responde por injúria racial depois que chamou a deputada federal Duda Salabert (PDT-MG) de “ele”. A parlamentar é uma mulher trans. Em uma entrevista em 2020, quando ambos eram vereadores em Belo Horizonte, Nikolas declarou que Duda é homem, que é isto que está escrito na certidão de nascimento da parlamentar, e que não importa a opinião dela.

Em 2022, foram assassinadas cento e trinta pessoas trans e travestis no Brasil. O país há quatorze anos está na liderança mundial como o país que mais mata esse público no mundo.

O preconceito demonstrado por Nikolas Ferreira irritou deputados da base aliada do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), como a presidente nacional do Partido dos Trabalhadores, Gleisi Hoffmann, que defendeu a punição do deputado.