O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) embarca para uma visita crucial de três dias à Alemanha, coincidindo com o início da presidência rotativa do Brasil no G-20. Este momento marca uma fase intensa de reaproximação entre Brasil e Alemanha, colocando no centro das atenções temas como o acordo Mercosul-União Europeia e questões ambientais.
Relações abaladas
As relações entre os dois países sofreram uma queda significativa após o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff e durante o mandato do ex-presidente Jair Bolsonaro, chegando a um ponto crítico.
Em declarações à BBC Brasil, Oliver Stuenkel, professor associado de Relações Internacionais da FGV em São Paulo, afirmou que a era Bolsonaro foi marcada por uma crise nas relações bilaterais, especialmente nas questões climáticas.
A eleição de Lula, segundo fontes diplomáticas consultadas pela BBC Brasil, reacendeu o otimismo na Alemanha, com altas expectativas em relação ao seu mandato. Isso se reflete nas recentes visitas de importantes autoridades alemãs ao Brasil e na retomada das doações da Alemanha para o Fundo Amazônia, um passo significativo para a proteção ambiental.
Lula também enfrenta desafios no cenário internacional, particularmente em relação ao acordo União Europeia-Mercosul, um tópico crucial durante sua visita.
O acordo, que começou a ser negociado em 1999, enfrenta obstáculos, incluindo recentes críticas do presidente francês Emmanuel Macron, que o considera "antiquado" e em conflito com as metas ambientais.
Lula rebate Macron
O presidente Lula respondeu às declarações do presidente francês contra o acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia durante a 28ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP28).
Lula reconheceu o direito de Macron de se opor ao acordo, mas destacou que a posição da França, conhecida por seu protecionismo, não reflete a da União Europeia como um todo.
Macron, em sua coletiva de imprensa, expressou clara oposição ao acordo, considerando-o desatualizado e inconsistente com as políticas ambientais. Ele criticou o tratado como "contraditório" e "mal remendado", um acordo negociado há duas décadas e que não alinha com as atuais necessidades ambientais.
Por outro lado, o presidente Lula, em sua fala no encontro do G77+ China, criticou as barreiras protecionistas impostas por países desenvolvidos, as quais considerou uma forma de hipocrisia frente ao discurso do livre comércio.