O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) comparou dados dos desmatamentos na Amazônia Legal e detectou que houve um aumento de 85,3% em relação a 2018. Esses dados mostram que os desmatamentos estão interferindo nas chuvas que irrigam a porção central do país, bem como no abastecimento do reservatório do Sistema Cantareira, segundo estudos climáticos e científicos da Universidade de São Paulo (USP).

Neste último domingo (19), foi detectado que o Sistema Cantareira operou com, apenas, 45,2% de sua capacidade. O Sistema Cantareira da Grande São Paulo está chegando ao seu estado de alerta que é igual ou abaixo de 40%.

O nível precisa está igual ou maior que 60% para que o abastecimento seja normalizado, de acordo com informações da Agência Nacional de Águas (ANA).

O Sistema Cantareira abastece cerca de 7,5 milhões de pessoas diariamente, ou seja, 46% da população da Região Metropolitana de São Paulo faz uso da água, segundo informações da ANA. Com o nível chegando ao estado de alerta essa população passará por problemas sérios com a falta de água.

De acordo com o professor, Pedro Côrtes, do Instituto de Energia e Ambiente (IEE) da USP, são as grandes árvores amazônicas as responsáveis pela captação de água do subsolo profundo elevando até as folhas, onde ocorre a transpiração que é capturada para a atmosfera, essa umidade forma as nuvens que são transportadas pelo vento até o Sul do Brasil.

Mas, com a falta de absorção da água do solo, devido ao desmatamento, há um impedimento da formação de chuvas para a região sul afetando a geração hidroelétrica que acaba por necessitar dos serviços das termoelétricas para que assim possa ser gerada energia suficiente para toda a região.

A ação do desmatamento na Amazônia causa uma gama de problemas que no final irá impactar diretamente no preço da energia para o bolso do consumidor, bem como em outros males para toda a estrutura global que necessita da água para a sobrevivência de todas as espécies, em especial, para a humanidade.

Segundo o climatologista Carlos Nobre (USP), a Amazônia está vivendo no “ponto de inflexão”, a partir do qual a destruição da floresta com o constante desmatamento, poderá se tornar irreversível provocando consequências para o clima de todo o mundo.

Desmatamentos anteriores

De acordo com os dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e do Ministério de Ciências e Tecnologia entre agosto de 2018 e julho de 2019 houve um aumento de 29,5% do desmatamento.

Já em agosto houve um número recorde nas queimadas colocando o bioma como centro das preocupações mundiais. Diante desses fatos, Nobre informa que ainda há uma esperança para salvar a Amazônia, mas a decisão precisa ser colocada em prática o quanto antes.

Em entrevista à revista Science Advances, Carlos Nobre afirma que o maior dano causado a floresta é de 99,9% consequência do desmatamento provocado pela ação humana e que quase nada tem a ver com o clima como no caso da Austrália, onde o clima de florestas secas e savanas provocam incêndios naturais algo que faz parte da ecologia local, diferente da Amazônia que possui uma floresta úmida e sem ventos.