João Doria partiu para o contra-ataque em relação às críticas que vem recebendo por se posicionar contra políticas do presidente Jair Bolsonaro. Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, o governador paulista decidiu montar uma equipe para identificar críticas consideradas de ordem ofensiva ao governador.
A equipe já está trabalhando nas mídias sociais para identificar perfis e mensagens que demonstrem ofensas a Doria e que possam ser cabíveis de processo por parte do mandatário paulista.
Doria contra fake news
A equipe é comandada por uma agência de comunicação contratada pelo governador para monitorar a internet e as redes sociais atrás de menções ao governador.
Em caso de menções ofensivas, um software é usado para "caçar" a origem de tais mensagens.
Fernando José da Costa é o advogado contratado por Doria para processar aqueles que fazem menções ofensivas ao governador. As ofensas consideradas graves, além de fake news e possíveis ameaças de adversários do mandatário paulista são levadas até Costa para serem peça de ações judiciais.
Ao todo, cinco representações foram enviadas pelo advogado para buscar criação de inquérito sobre a origem de ataques a João Doria. O movimento também detecta a presença de robôs em grupos que pedem impeachment do governador.
Bolsonaristas na mira
Uma das que está na mira de processos dos advogados do governador de São Paulo é Sara Winter.
A líder do movimento chamado 300 do Brasil e ativista pró-Jair Bolsonaro, foi acusada na última semana de crimes de ameaça de difamação. Numa postagem da rede social, Winter dirige duras críticas a Doria, afirmando que este seria "oportunista", "covarde" e "sádico".
Winter, que também é alvo da operação da Polícia Federal feita com base no inquérito do Supremo Tribunal Federal sobre fake news, não é a única pessoa ligada a movimentos de apoio ao presidente que estariam na mira do grupo anti-ofensas.
Um outro perfil bolsonarista, Let's Dex, também teve notícia-crime contra si por difamação.
Segundo o jornal, uma ameaça de morte ao governador emitida em março, que também envolveria a invasão de sua casa, foi detectada pela "força-tarefa". O caso está em investigação na Polícia Federal e teria vindo após Doria ter participado de reunião de governadores críticos à postura do Governo Bolsonaro no combate ao coronavírus.
Bunker anti-Doria na Alesp
As investigações sobre a origem das ofensas a João Doria também podem apontar para a Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp). No caso, seria uma espécie de "gabinete do ódio" paulista, uma espécie de braço do grupo ligado à Presidência que lidera os ataques a adversários políticos de Bolsonaro.
Quem indicou tal caminho foi Alexandre Frota (PSDB-SP). Um dos membros da CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) da Fake News, afirmou a existência de ações de tal gabinete dentro da Alesp, que envolveriam deputados estaduais pró-Bolsonaro em ações nas redes sociais contra o governador.
"O movimento Fora Doria é totalmente inflado de robôs. O Bolsonaro elegeu o governador como rival para a cadeira dele (de presidente)", disse Frota.