Na última quarta-feira (27), o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), anunciou a chamada "reabertura consciente" das atividades econômicas no estado ainda em meio aos efeitos da pandemia do coronavírus. Mas nem todos os aspectos da abertura prometida por Doria foram aprovados, especialmente na Região Metropolitana

Prefeitos da Grande São Paulo criticaram a decisão de Doria para que São Paulo tenha comércio aberto de forma limitada e as cidades da região não terem a possibilidade de reabrir comércios que não sejam considerados essenciais para a cidade.

Grande São Paulo em fase 'vermelha'

Na apresentação do plano de retomada das atividades, o governador paulista dividiu o estado em diversas zonas, baseadas no número de casos, velocidade de contaminação e disponibilidade de leitos. A capital fica na chamada "fase 2", que permite abertura de alguns comércios, como shoppings, escritórios e imobiliárias, mediante medidas de higiene e segurança.

Ao lado da Baixada Santista, a Grande São Paulo está na fase 1, que é considerada a mais grave, na qual a restrição cabe apenas a comércios considerados essenciais. Tal distinção tem revoltado os prefeitos da Região Metropolitana contra o plano de Doria.

"O morador daqui anda 200 ou 300 metros e está na Capital.

Com a abertura do comércio lá e não aqui, o fluxo para lá vai aumentar e as pessoas podem se contaminar. As pessoas correm mais risco de se contaminar em São Paulo do que em Guarulhos", disse o prefeito guarulhense, Gustavo Costa (PSD), segundo o jornal O Estado de S. Paulo.

Prefeitos temem prejuízos com plano de Doria

A principal reclamação dos prefeitos da Grande São Paulo tem sido o fato de que a capital pode se beneficiar com a abertura comercial, fazendo com que moradores das cidades vizinhas se encaminhem para os comércios paulistanos, podendo causar prejuízos ao setor em seus respectivos municípios.

José Auricchio Júnior (PSDB), prefeito de São Caetano do Sul, também reclamou da atitude do governo paulista de manter o comércio da Região Metropolitana fechada e o da capital aberto. E promete que irá buscar que ambas as regiões tenham a mesma condição.

"A liberação da capital para a faixa 2, ou faixa laranja é uma incoerência, frente aos outros 38 municípios da Região Metropolitana colocados na faixa 1, vermelha, especialmente aos municípios do ABC e muito especialmente a São Caetano, pois nossos indicadores são para lá de melhores que os da Capital", afirmou Auricchio.

Outro que também criticou a postura foi Rogério Franco (PSD), prefeito de Osasco. O mandatário osasquense disse que sua cidade está dentro da mesma faixa em que se encontra a capital e pedirá revisão de tal decisão.

"Osasco atingiu o índice social como o da capital e nossa cidade tem ocupação de leitos inferior a 80%, portanto atende 100% dos requisitos técnicos para a retomada das atividades, com regras", afirmou Franco.

Prefeitos querem conversa com Doria

Outros dois fatores, além do econômico, também foram expostos pelos prefeitos da Região Metropolitana como razões para preocupação mediante a decisão de classificação do estado por zonas: a possível diminuição dos índices de isolamento social e o aumento de casos da doença nas cidades.

Os prefeitos da Grande São Paulo já buscam se mobilizar para conversar com Doria (haveria reunião nesta quinta-feira, 28, com o governador) para rever tal plano e que também as cidades da região próxima do território paulistano sejam beneficiadas com a abertura de parte do comércio. Ou até mesmo decidir pela abertura.