Poucas situações são tão dignas de consideração quanto à Felicidade. A felicidade é algo buscado e desejado por todos. Não tem como escapar. Todo ser humano vive em função da felicidade. Tudo o que ele faz é pensando em ser feliz. Enquanto meta, a felicidade é universal. Ou seja, tanto faz o japonês do século passado como o chinês do século presente, todos querem ser feliz.

Segundo o filósofo grego Aristóteles, a felicidade não está ligada aos prazeres ou as riquezas, mas a atividade prática da razão. Em sua opinião, a capacidade de pensar é o que há de melhor no ser humano, uma vez que a razão é nosso melhor guia e dirigente natural.

Dessa forma, a felicidade é o bem supremo, buscado por si mesmo, e que não pode ser objeto de nenhuma ciência, porque se refere ao ser humano na singularidade da sua existência privada e social. Ou seja, a felicidade é o bem maior, desejado pelos homens. No entanto, enquanto bem último, a felicidade é inatingível. Ninguém a possui definitivamente. Com efeito, o que faz uma pessoa dizer que é feliz?

A felicidade não pode ser um ponto de chegada, ou seja, uma conquista. A felicidade é uma visão de mundo. Ela acontece no processo, enquanto o sujeito vai construindo a sua vida e, sobretudo, resinificando os seus valores. A felicidade enquanto participação ativa do sujeito, não é inata. Ou seja, ela pode ser ensinada aos outros.

Por isso estudos indicam que pessoas felizes vivem mais e são mais generosas.

Para o filósofo medieval Santo Agostinho, a felicidade plena é Deus, que permite ao homem rever e superar a sua condição pecadora. Enquanto pecador, o homem busca ansiosamente encontra-se com Deus para ser feliz plenamente. Por isso ele dizia: “Fizeste-nos, Senhor, para ti, e o nosso coração anda inquieto enquanto não descansar em ti”.

Portanto, a felicidade em Agostinho advém de uma situação limite que permite compreender o finito como contraponto do infinito.

Emmanuel Lévinas, um dos Filósofos mais desafiadores e fecundos do século vinte, também se preocupou com a questão da felicidade. Para ele, a felicidade humana passa pelo reconhecimento do rosto do outro.

O rosto do Outro é a forma como a felicidade se impõe a mim, enquanto sujeito existente. Se eu nego esse outro, que é totalmente diferente de mim, eu não poderei ser feliz. Portanto, para o filósofo Lévinas a alteridade é o caminho da felicidade humana.

Em suma, o que esses filósofos estão dizendo, cada um a sua maneira, é que a felicidade humana pode ser alcançada. Que a felicidade repousa sobre a noção de alteridade, de ética, de amor, de solidariedade, de respeito pelo outro. Ou seja, que certas ações e atitudes precisam ser incorporadas na sua vida para você ser plenamente feliz. Enfim, quem quer ser feliz nessa vida deve anunciar o esquecimento de si e abrir-se mais para o outro, especialmente aqueles mais necessitados, os pobres de espírito, de afeto, de amor, de carinho...