Quase tão tradicional quanto a música das lojas Leader ou o especial de fim de ano do cantor Roberto Carlos na Rede Globo, o especial natalino do Porta dos Fundos tem como novidade este ano não estar mais sendo distribuído pelo canal do grupo humorístico no YouTube. A produção foi lançada na última terça-feira (3) pelo serviço de streaming Netflix.

Mudanças foram feitas no formato do especial de Natal do grupo. Seus antecessores basicamente traziam histórias conectadas com a Última Ceia, porém, desta vez o ambiente escolhido para narrar as aventuras e desventuras de Jesus Cristo foi outro.

Polêmicas

O média-metragem de 45 minutos foi intitulado "A Primeira Tentação de Cristo" e estão lá as tradicionais tiradas cômicas recheadas de polêmicas acerca do tema religioso. O mote da produção é a volta de Jesus Cristo (Gregório Duvivier) para casa, depois de passar 40 dias no deserto.

Jesus está sendo esperado em casa com uma festa surpresa para comemorar seu aniversário de 30 anos, preparada por sua mãe Maria (Evelyn Castro) e seu pai José (Rafael Portugal), além da presença dos dois, comparece também à comemoração Deus (Antonio Tabet).

Quando Jesus finalmente retorna do deserto, ele não vem sozinho, ele chega acompanhado. O convidado inesperado é vivido por Fábio Porchat e é uma das grandes figuras no filme que poderá causar desconforto no público que não aprecia as desconstruções que são feitas pelos humoristas em temas religiosos.

Ao mesmo tempo em que Maria, José e Deus tentam comunicar algo importante para Jesus, este também insiste em revelar uma notícia para os pais. Esta notícia que Cristo quer dar para seus familiares está de acordo com teorias acerca do período em que Jesus passou no deserto, mas a polêmica maior que o filme mostra é como isto aconteceu.

O trio de pais de Jesus protagoniza várias crises familiares, sendo a principal a disputa entre Deus e José para decidir quem é o pai de Jesus. Deus, no filme tem um comportamento por demais humano, ele deixa a entender que realmente teve relações carnais com Maria e chega até mesmo sugerir que ela abandone José para ir embora com ele.

Talvez este seja o especial de Natal mais polêmico do Porta até o momento, mas isto não significa exatamente um mérito para a obra. Estão lá as piadas anacrônicas e polêmicas, mas o filme, assim como seus antecessores, está longe de chegar perto de uma obra do Monty Pyton, por exemplo, mas tem o mérito de apresentar uma história mais original e intrigante que foi enriquecida com uma jornada do herói vivida por Jesus e também a tradicional luta entre o Bem e o Mal.