Continua a polêmica do especial de Natal do grupo de humor Porta dos Fundos na Netflix. Desta vez o filme "A Primeira Tentação de Cristo" foi censurado pela Justiça do Rio de Janeiro. O desembargador Benedicto Abicair, da 6° Câmara Cível, determinou nesta quarta-feira (8) em decisão liminar --provisória-- que o longa-metragem deve ser retirado do catálogo da gigante do streaming. Foi determinado pela Justiça uma multa diária de R$ 150 mil caso a decisão não seja acatada.

A decisão atende ao pedido realizado pela Associação Centro Dom Bosco de Fé e Cultura.

A associação alega ter se sentido ofendida com a produção feita pelo grupo Porta dos Fundos com a Netflix. O pedido havia sido negado na primeira instância, porém foi acatado agora. Além das reclamações de organizações religiosas, a produção motivou a criação de vários abaixo-assinados, com alguns deles chegando a marcar de um milhão de assinaturas.

O desembargador

O magistrado alegou em sua decisão que, pelo que foi exposto, aparenta ser mais adequado e benéfico não somente para a comunidade cristã, mas para a sociedade brasileira, em sua maioria cristã, que se deve atender ao pedido, “para acalmar os ânimos”.

Em sua crítica à obra, o desembargador confessou que assistiu “rapidamente” o filme e determinou que a produção “configura ato de intolerância religiosa”.

Ele ressaltou os pontos mais deploráveis do filme, um Jesus Cristo “pueril”, Maria como adúltera e José como um “idiota traído por Deus”. Veredito do desembargador: o intento primário da obra é “a depreciação da fé alheia”.

Para quem estava hibernando

Em "A Primeira Tentação de Cristo", Gregório Duvivier dá vida a um Jesus Cristo que, perto de completar 30 anos, conhece Orlando (Fábio Porchat) e acaba tendo uma relação homossexual com ele.

O excêntrico Orlando na verdade é Lúcifer, que está disfarçado para levar Jesus para o lado do mau. Jesus acaba levando o estranho para sua casa e ao confessar sua relação homossexual com Orlando, surpreende a todos que estavam esperando Jesus para uma festa de aniversário surpresa. A trama é uma sátira ao Evangelho de Lucas 4, 1-13.

O conteúdo da produção causou grande comoção entre entidades religiosas e uma ala mais conservadora da sociedade. O auge do quiproquó foi quando a sede da produtora Porta dos Fundos, em Botafogo, no Rio de Janeiro, foi alvo de um atentado com coquetéis molotov na véspera de Natal. Tanto o canal de humor Porta dos Fundos quanto a Netflix não se pronunciaram ainda sobre a censura sofrida pela obra.