O colunista Leonardo Sakamoto, do portal UOL, escreveu um artigo em que analisa o comportamento do presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), que na manhã da última terça-feira (18), em frente ao Palácio da Alvorada, ofendeu a jornalista Patrícia Campos Mello, da Folha de S.Paulo.

Para Sakamoto, é inconcebível que um líder de uma democracia afirme que uma jornalista ofereceu relações íntimas em troca de informações. O colunista continua dizendo que isto só reforça a percepção de que Bolsonaro é incapaz de ocupar o cargo de presidente da República.

O jornalista afirma ainda que Jair Bolsonaro demonstrou mais uma vez que usa de maneira compulsiva o cargo de uma maneira racional e consciente para perpetrar crimes contra todos aqueles que ele entende como inimigos e na intenção de defender sua família.

Pesos e contrapesos

Para Leonardo Sakamoto, as instituições que são responsáveis pela fiscalização do Poder Executivo não estão funcionando de maneira satisfatória, pois se o estivesse, a Câmara dos Deputados teria autorizado a abertura de processo criminal apresentado pela Procuradoria-geral da República contra o presidente no Supremo Tribunal Federal, ou ainda, iniciaria um processo de impeachment, mesmo que fosse somente para mostrar para a sociedade que existem limites.

Porém, não existem, e tudo é permitido em nome das reformas, tudo tem perdão, lamentou Sakamoto.

Bolsonaro repete a fala de Hans River Nascimento, um ex-funcionário de uma agência de disparos de mensagens digitais. River depôs na CPMI das fake news, ele foi fonte da Folha de S. Paulo e mentiu sobre seu depoimento anterior à CPMI e atacou a jornalista, afirmando que ela se insinuou para ele em troca de informações.

Poucas horas após o depoimento de Hans, a Folha de S.Paulo divulgou as trocas de mensagens da repórter com o depoente, assim como documentos fornecidos por ele. Constatou-se que era Hans River quem havia dado em cima da repórter, Patrícia Campos Mello ignorou educadamente as investidas de Hans.

Bolsonaro desta maneira diverte seu público que diariamente vai à frente do Palácio da Alvorada demonstrar seu apoio ao presidente e concordando com tudo o que é dito pelo mandatário.

Assim como também ficam animados os milhares de seguidores do presidente, que compartilharam nos últimos dias, memes com as acusações - sem provas e mais que isso, que foram todas comprovadas como sendo falsas – de que uma das jornalistas mais premiadas do Brasil trocou relações íntimas por informações. O jornalista do UOL diz então que desta maneira, Bolsonaro mantém seus soldados prontos para a “guerra cultural”.

O teatro armado por Bolsonaro combina com a estratégia do “03”, seu filho Eduardo Bolsonaro que pouco tempo depois de Hans River ter dado depoimento, afirmou nas redes sociais e no Congresso que Patrícia Campos Mello poderia ter se insinuado para Hans para obter informações para tentar prejudicar a campanha do, então candidato Jair Bolsonaro. A partir de então, Patricia começou a ser atacada por uma horda de contas falsas e perfis verdadeiros em uma verdadeira campanha de linchamento virtual.