Chegou ao catálogo da Netflix nesta sexta-feira (7) o filme “Entre Realidades” (Horse Girl), embora o título original em inglês faça sentido, este é um dos raríssimos casos em que o título em português ficou melhor que o original, pois ele explica um pouco do que será visto na produção.

Desta vez a Netflix não fez uso de sua táticas de sua (estranha) tática de divulgação, produzir trailers que entregam toda a trama. A peça publicitária desta nova produção do serviço de streaming dá a entender que se trata de uma trama que irá deixar uma dúvida no espectador, sobre o que está realmente acontecendo na história.

A trama

O filme conta a história de Sarah (Alison Brie) uma jovem mulher que leva uma vida comum, com um emprego modesto como vendedora de uma loja de tecidos, e de repente ela começa a se preocupar com estranhas visões que começa a ter, então ela inicia sua jornada em busca de respostas para as visões.

Logo nas cenas iniciais de “Entre Realidades”, é apresentada a protagonista Sarah, que aparenta ser uma jovem comum, que leva uma vida sem maiores sobressaltos e que está feliz do jeito que é. Porém conforme a trama vai evoluindo, o que se constata é que na verdade ela é uma pessoa solitária e que não consegue ter um convívio social com a maioria das pessoas, mesmo que ela busque por isso.

“Ah! Agora entendi! Agora eu saquei!”

Aos poucos, o filme vai entregando mais peças que montam o quebra-cabeça que da vida da protagonista e o público começa a entender o motivo de a personagem ser do jeito que é. E este é um dos problemas deste filme, a morosidade como ele apresenta os problemas pessoais e as tragédias da vida da protagonista.

Tudo ao mesmo tempo agora

Talvez o maior problema de “Entre Realidades” seja o de fazer referência à vários gêneros e se perde no meio do caminho e entrega um produto final que acaba decepcionando. Talvez o maior desperdício do filme tenha sido a maneira equivocada como foi tratado o tema da loucura.

O filme bebe em várias fontes, sua fotografia remete a um clima setentista, talvez querendo emular a estética de filmes do tipo “Um estranho no ninho” (1976), o clássico filme de Milos Forman e que tem Jack Nicholso no papel principal e que também fala sobre a loucura.

Também pode ser visto traços do recente “Coringa”, na maneira como é mostrada a trajetória da personagem do inicio até o final do longa, o filme também flerta com os gêneros terror e comédia romântica, em uma mistura mal acabada.

Projeto pessoal

O filme é baseado na peça da própria Alison Brie e de Jeff Baena, a dupla escreveu o roteiro e Baena ficou encarregado da direção. A atriz ficou conhecida por suas participações nas séries “Glow” e “Mad Men”. Brie tem um excelente trabalho de interpretação nesta obra da Netflix, mas isto não foi o suficiente para evitar a sensação de tempo perdido que muitos poderão ter ao assistir à produção, mesmo tendo 1h44, o filme aparenta ter muito mais tempo.

Elenco

O filme conta com nomes relativamente conhecidos do Cinema e da Televisão, como Debby Ryan, que interpreta Nikki, a colega de quarto da protagonista; Molly Shannon, dá vida à Joan, a colega de trabalho de Sarah, Paul Reiser vive Gary, o padastro da personagem de Alison Brie.

O filme é todo de Brie, os atores secundários têm participação mínima na obra. Enquanto Paul Reiser e Molly Shannon convencem em suas pequenas participações, o mesmo não pode ser dito sobre Debby Ryan que faz uma colega de quarto distante e um pouco fria. Mas a cereja do bolo mesmo no quesito má interpretação fica por conta dos atores: Jake Picking, que vive Brian, o namorado de Nikki e John Paul Reynolds, que interpreta Dekker, que teve um breve romance com a protagonista.

A sutil arte de não dizer nada

Uma das sequências mais constrangedoras do filme é a que reúne: Sarah, Nikki, Brian e Dekker, os dois casais estão se divertindo no apartamento de Sarah e Nikki e em determinado momento há uma aproximação entre a protagonista e Dekker, Eles travam um diálogo em que falam sobre absolutamente nada. Em defesa dos atores, fica difícil também fazer um bom trabalho de interpretação sem uma direção mais firme e um bom texto.