O artigo publicado no site do El País relata o posicionamento do comando das Forças Armadas no Brasil, que se manifestou publicamente para mostrar seu distanciamento do presidente da República Jair Bolsonaro (sem partido). A declaração foi dada na última segunda-feira (4).
Mesmo que este tipo de comunicado público seja coisa rara entre os militares, o artigo afirma que nunca antes na história do Brasil, após o fim do regime militar, os militares estiveram tão prestigiados no Governo. Sendo assim, as Forças Armadas estão longe de se desvencilharem totalmente do governo Bolsonaro.
Sem paciência
Jair Bolsonaro, no último domingo (3), participou de manifestação que pregava a intervenção militar. Desta maneira, o líder do Executivo tentou pegar carona no alto índice de confiança que as Forças Armadas possuem para afirmar que a ala militar estava ao seu lado, o mandatário ainda afirmou que sua paciência com as outras instituições estava chegando ao fim.
Não é bem assim
O ministro da defesa, o general Fernando de Azevedo e Silva, entretanto, emitiu um comunicado para ressaltar que a Aeronáutica, o Exército e a Marinha respeitam a constituição e ainda reforçou o comprometimento das Forças Armadas com a democracia.
Jair Messias Bolsonaro buscava apoio para uma irritação sua com a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes que o impedia de nomear Alexandre Ramagem para a diretoria-geral da Polícia Federal (PF).
Ramagem é amigo pessoal dos filhos de Jair Bolsonaro e foi levantada a suspeita de que um novo diretor-geral da PF iria interferir politicamente na Polícia Federal para beneficiar o presidente, suspeita esta levantada ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro. Com o impedimento de Alexandre Ramagem de assumir o cargo, assumiu o braço direito do próprio Ramagem, Rolando Alexandre de Souza, nesta mesma segunda-feira.
Na manifestação de domingo, Bolsonaro afirmou que chegou ao seu limite, que não haveria mais conversa, pois agora ele iria exigir que fosse cumprida a Constituição, “a qualquer preço”, disse Bolsonaro, em sua terceira participação em manifestações que pediam o fechamento do Congresso e do STF.
Se uma parcela da cúpula militar concorda com Jair Bolsonaro em sua avaliação de que o STF extrapolou ao vetar o nome de Ramagem, por outro, não parece apoiar o presidente quando este participa de manifestações que criticam os demais poderes.
O general Edson Leal Pujol, por exemplo, assumiu o posto de principal articulador para tentar fazer com que os militares se mantenham afastados dos discursos mais radicais do presidente da República.